Estilo de vida
12/07/2022 às 09:05•3 min de leitura
Na última segunda-feira (11), espectadores de todo o mundo ficaram fascinados com a publicação da primeira foto colorida tirada pelo telescópio James Webb. A imagem do aglomerado de galáxias SMACS 0723, conhecida como o Primeiro Campo Profundo de Webb, marca a história da exploração espacial com detalhes nunca antes observados via infravermelho, resultando no material capturado mais profundo e nítido do universo distante até hoje.
Segundo a NASA, a luz capturada pelo Webb viajou por mais de 13 bilhões de anos — ou a maior parte da idade do universo —, em um feito possível graças à tecnologia Near-Infrared Camera (NIRCam), instrumento capaz de gerar imagens de comprimento de onda de 0,6 a 5 mícrons e funcional como um sensor de onda para manter espelhos de 18 seções funcionando em autonomia. Dessa forma, o aparelho trouxe galáxias distantes para um foco nítido, revelando "estruturas minúsculas e fracas que nunca foram vistas anteriormente".
Aglomerado de galáxias SMACS 0723. (Fonte: NASA/Reprodução)
O detentor do recorde anterior e responsável por capturar o vislumbre mais profundo e mais antigo do espaço é o Telescópio Espacial Hubble. Sua série de campos de imagem mostrou como galáxias de estrelas brilhantes já estavam reunidas em um jovem universo, centenas de milhões de anos após o Big Bang. Porém, o James Webb foi capaz de ir além e foi projetado para alcançar pontos mais distantes pós-expansão, detectando luz fora do alcance visível e produzindo imagens de objetos mais fracos.
Especialista na detecção de comprimentos de onda infravermelhos e espectroscopia, o Webb pode penetrar nas nuvens de poeira que obscurecem as estrelas recém-nascidas e consegue atravessar o cosmos mais do que qualquer outra tecnologia existente. Ele possui 6,6 m de largura de diâmetro do espelho primário — contra os 2,4 m do Hubble — e detecta objetos até 100 vezes mais fracos que seu "concorrente", escaneando o universo e vislumbrando galáxias que nasceram apenas 200 milhões de anos após o Big Bang.
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De acordo com Jonathan McDowell, astrofísico do Centro de Astrofísica e do Centro de Raios-X Chandra, o telescópio apresenta desafios para obter dados invisíveis a olho nu e criar uma imagem cientificamente útil. Para isso, cinco etapas são requeridas e exigem um amplo suporte não apenas do aparelho, mas de outros membros do estudo engajados.
De início, o telescópio é direcionado para um ponto de interesse a partir de pesquisas preliminares sobre localização. As análises levam em consideração a órbita de um objeto, a velocidade de deslocamento, a posição atual e dados gerais sobre suas coordenadas. Em seguida, o aparelho deve ser calibrado para evitar imprecisões.
“Às vezes, passamos metade do nosso tempo tirando fotos de coisas que já conhecemos”, diz McDowell. “Vamos tirar fotos para verificar a sensibilidade da câmera, certificar-nos de que a geometria da câmera está correta, ou tirar uma foto do aglomerado de estrelas onde você sabe a que distância as estrelas estão e que lhe diz a escala da sua foto."
Telescópio James Webb. (Fonte: NASA/Reprodução)
Com o telescópio adequadamente apontado na direção certa, a luz entra pelo diafragma do equipamento, em um recurso de abertura semelhante aos das câmeras digitais convencionais. Porém, em vez de usar mecanismos do popular acessório, aparelhos como o Hubble se baseiam em um dispositivo de carga acoplada (CCD) para filtrar uma faixa de comprimento de onda ou uma cor específica.
Por fim, a imagem é processada e ganha uma atribuição de cores capazes de serem identificadas pelo olho humano. Essa edição possibilita que a foto adquira um contexto e possa fornecer informações suficientes para a coleta de dados posterior. “Todas essas informações contextuais devem ser aplicadas para fornecer uma imagem cientificamente útil em vez de qualquer imagem”, conclui McDowell. “Não é apenas uma foto bonita. É uma foto bonita da qual você pode medir números.”
Como prometido pela NASA, um novo conjunto de imagens capturadas pelo James Webb foi divulgado nesta quarta-feira (12). As fotos contemplam o espectro do exoplaneta WASP-96b, com evidências de neblina e nuvens — assinatura clara de água —, e a nebulosa planetária do Anel Sul, com a presença de conchas expelidas de poeira e gás de estrelas envelhecidas que podem um dia se tornar um novo planeta.
Além disso, o conjunto compacto de galáxias Stephan's Quintet, localizado na constelação de Pegasus, teve mais detalhes revelados, ao lado dos "Cosmic Cliffs" na nebulosa Carina. Confira as imagens abaixo:
Espectro do exoplaneta WASP-96b. (Fonte: NASA/Reprodução)
Nebulosa planetária do Anel Sul. (Fonte: NASA/Reprodução)
Stephan's Quintet. (Fonte: NASA/Reprodução)
"Cosmic Cliffs" na nebulosa Carina. (Fonte: NASA/Reprodução)
“Este é um momento singular e histórico”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da NASA. “Foram necessárias décadas de empenho e perseverança para nos trazer até aqui, e estou imensamente orgulhoso da equipe Webb. Essas primeiras imagens nos mostram o quanto podemos realizar quando nos unimos em torno de um objetivo comum, para resolver os mistérios cósmicos que nos conectam a todos. É um vislumbre impressionante dos insights que ainda estão por vir.”