Artes/cultura
25/08/2022 às 06:30•2 min de leitura
Em 1901, enquanto esperavam uma tempestade passar, um grupo de catadores de esponjas marinhas se deparou com os restos de uma galé romana que havia naufragado na região da ilha de Antikythera. Dentre os vários achados arqueológicos encontrados no local, estão 82 fragmentos do que seria uma máquina maior usada para realizar cálculos astronômicos. Essas peças ficaram conhecidas como o Mecanismo de Antikythera e intrigam cientistas até hoje.
Atualmente, o mecanismo está em exposição no Museu Arqueológico Nacional de Atenas e de longe as peças não parecem nada além de pedras. Porém, com um olhar mais atento é possível ver traços de uma tecnologia muito avançada para os padrões do período ao qual ela pertencia.
As partes resgatas parecem engrenagens com dentes semelhantes àqueles encontrados em relógios (inventados muitos séculos depois) e anéis divididos em ângulos como um transferidor daqueles que a gente usa na escola. Segundo a divulgadora científica Jo Marchant, nada com esse nível de tecnologia pertencente à antiguidade havia sido descoberto até então.
Um dos fragmentos do Mecanismo de Antikythera exposto no Museu Arqueológico Nacional em Atenas. (Fonte: Smithsonian Museum)
Segundo artigo publicado na revista Nature, pode-se dizer que o Mecanismo de Antikythera era um computador mecânico composto por engrenagens de bronze que tinha como função realizar previsões através da mecanização de ciclos e teorias astronômicas.
Em 2005, por meio análises com raio-X, pesquisadores conseguiram desvendar boa parte dos mistérios envolvendo a parte de trás de tal computador antigo. A parte da frente, contudo, continua um mistério, já que todos os fragmentos resgatados eram traseiros. Outros achados da pesquisa foram inscrições nas peças que descrevem o cosmos grego do período em que a máquina funcionava.
Pesquisadores suspeitam que o matemático grego Arquimedes pode ser o pai da invenção. (Fonte: Wikimedia Commons)
Apesar de todos os esforços dos pesquisadores, ainda não foi possível concluir quem é o gênio por trás do mecanismo. Alguns cientistas apontam o matemático Arquimedes como o criador da máquina, mas não há comprovação disso.
A teoria de que Arquimedes seria o inventor tem relação com as inscrições encontradas nas engrenagens. As predições que a máquina realizava englobavam desde o dia exato em que eclipses iriam ocorrer até as datas em que os jogos Pan-Helênicos seriam realizados. E, dentre tais jogos, os que recebiam mais destaque nas inscrições gravas na máquina eram os Jogos Ístmicos, que ocorriam em Corinto.
Além disso, os nomes dos meses gravados em algumas partes do computador mecânico também eram coríntios. Assim, alguns pesquisadores começaram a suspeitar que o inventor fosse cidadão de Siracusa, uma das colônias coríntias e justamente a cidade em que vivia Arquimedes.
Para reforçar tal teoria, há ainda o fato de que ele estava em Siracusa quando os romanos invadiram e saquearam a cidade, levando consigo, inclusive, peças construídas pelo matemático.