Cientistas reconstituem o rosto de três escoceses da Idade Média

12/10/2022 às 08:002 min de leitura

Em 1957, operários que trabalhavam na impermeabilização da abóbada de uma cripta medieval em Whithorn, na Escócia, encontraram três caixões de pedra. Dentro deles, estavam enterradas três pessoas: dois homens e uma mulher. Junto a elas, estavam alguns adereços que traziam pistas sobre quem teriam sido.

Mais de 60 depois, especialistas usaram a tecnologia 3D para dar vida aos rostos dos indivíduos que estavam naqueles caixões. E o resultado é simplesmente impressionante.

A reconstituição de pessoas do período medieval

(Fonte: Smithsonian Mag)(Fonte: Smithsonian Mag)

O trabalho foi realizado dentro do projeto de pesquisa Cold Case Whithorn, desenvolvido no sítio arqueológico de Whithorn. O local era habitado pela mais antiga comunidade cristã identificada na Escócia, e teria existido por cerca de 1.600 anos.

O objetivo deste projeto é trazer mais informações sobre como foi este tempo histórico. "É sempre um desafio imaginar como era realmente a vida nos tempos medievais. Essas reconstruções são uma maneira brilhante de se envolver com quem essas pessoas do nosso passado realmente eram, de suas vidas cotidianas, suas esperanças e suas crenças", relatou à BBC Julia Muir Watt, gerente de desenvolvimento do projeto.

Os pesquisadores já conseguiram digitalizar e reconstituir o rosto destas três pessoas: um bispo, uma jovem e um clérigo com lábio leporino e fenda palatina. Eles teriam residido no condado de Wigtownshire entre os séculos XII e XIV, e foram enterrados na região de Dumfries e Galloway, na Escócia.

Os rostos identificados

(Fonte: Revista Galileu)(Fonte: Revista Galileu)

A partir dos métodos usados - que envolvem datação por radiocarbono, registros históricos e análise de isótopos estáveis - os cientistas identificaram a figura de um bispo chamado Walter, que teria presidido Whithorn entre 1209 e 1235. Seu esqueleto trazia sinais de obesidade e de que ele teria tido uma dieta rica em peixes. Já seus dentes confirmavam que ele cresceu em Galloway. Junto ao corpo, estavam uma roupa e objetos de valor, como um anel de ouro incrustado de rubis e esmeraldas.

A mulher não foi identificada, mas os pesquisadores afirmam que seu crânio revela uma jovem bonita, de rosto muito simétrico, e que teria morrido por volta dos 20 anos. Os elementos enterrados juntos a ela sugerem que tenha sido alguém da elite local.

Já o clérigo, que também não foi identificado, foi o mais desafiador, segundo os especialistas forenses. Isso acontece por seu rosto ser assimétrico e apresentar uma fenda palatina. Por mais que ele tenha sido enterrado ao lado de membros da elite, acredita-se que ele tenha sido o mais pobre dos três.

As técnicas usadas no estudo foram impressionantes. Um pesquisador criou a imagem 3-D dos crânios, que depois foram reconstruídas digitalmente para ficarem muito realistas. “Isso envolve o uso de profundidades de tecidos moles faciais, musculatura esculpida individualmente para caber em cada crânio e métodos científicos de estimativa de cada característica facial, como olhos, nariz, boca e orelhas, a partir da morfologia do crânio”, informou o antropólogo e artista forense Christoper Rynn, que trabalhou nesta parte do projeto.

As informações sobre a dieta e a saúde daquelas pessoas foram levantadas a partir da análise de isótopos estáveis dos corpos. A arqueóloga Shirley Curtis-Summers falou sobre a relevância destes dados: "este projeto é de enorme importância, porque embora nunca possamos contar a história completa da vida desses povos medievais, podemos reconstruir sua dieta, mobilidade e agora seus rostos, o que nos permite mergulhar em seu passado e ficar cara a cara com eles".

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