Como o mito da Terra plana dura desde a Idade Média até hoje?

03/11/2022 às 10:002 min de leitura

Durante a Idade Média, muitos europeus sucumbiram aos boatos e passaram a acreditar fervorosamente que a Terra era plana. Essas sugestões contrariavam teorias clássicas de meados do século VI a.C., quando nomes como Pitágoras, Aristóteles e Euclides escreviam sobre um planeta em formato esférico e provavam esses ideais por meio de observações e, obviamente, da matemática. Mas como o conceito da planicidade permaneceu até hoje?

No auge do Império Romano, cerca de 1,3 mil anos antes de Cristóvão Colombo (1451-1503) embarcar em suas aventuras pelos mares, a "Geografia" de Ptolomeu já havia considerado a Terra como um globo. Quando o navegador genovês decidiu partir da Espanha para a viagem pelo Oceano Atlântico, a volumosa obra grega era utilizada como base para sua referência de campo. Assim, ele acreditava que o planeta era redondo, mas queria apenas determinar a extensão de seus mares superficiais.

Nessa época, o conhecimento Europeu estava no auge e chegou a superar o aprendizado adquirido em regiões como a Grécia Antiga e o Islã medieval. Entre os ans 1200 e 1500, vários livros foram lançados e iniciaram discussões sobre a forma da Terra, incluindo o obrigatório em universidades, The Sphere, que permaneceu como referência na área mesmo 500 após sua primeira publicação.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images / Reprodução)

O fato é que é implausível pensar que alguém, durante a Idade Média na Europa, contava histórias sobre um planeta não esférico. Segundo o historiador Jeffrey Burton Russell, “nenhuma pessoa instruída na história da civilização ocidental a partir do século III a.C. acreditava que a Terra era plana”. Isso foi graças ao exponencial crescimento intelectual no continente e aos esforços realizados por filósofos e matemáticos da antiguidade, que utilizaram cálculos baseados no movimento do Sol, sombras e outras propriedades físicas para fundamentar suas teorias.

O mito sobre uma suposta crença de Colombo na Terra Plana é recente e contraria não apenas todo o contexto da época, mas a própria lógica em que aristocratas se baseavam. Com isso, o explorador genovês pôde ser financiado pela realeza, para iniciar sua viagem, sem grandes questionamentos ou dúvidas de suas intenções. Então, como foi que essa lenda do terraplanismo começou?

Washington Irving e Antoinne-Jean Letronne

Em 1828, Washington Irving, escritor e mestre contador de histórias, publicou The Life and Voyages of Christopher Columbus ("A vida e viagens de Cristóvão Colombo" em tradução literal). Famoso por abordar contos sobre a vida do navegador, o autor teve inspirações em Alexander Hill Everett, ministro dos Estados Unidos na Espanha, que ofereceu um rico acervo de documentos sobre Colombo e impulsionou a criação de um texto biográfico.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images / Reprodução)

Extenso, o volume mesclou aspectos reais com ficção e acabou mencionando que Colombo afirmou, ao retornar de viagem, que a Terra não era realmente plana. Esse relato impreciso acabou enganando muitos leitores, que passaram a acreditar que o explorador viajou, de fato, para descobrir o formato do planeta. E com a ajuda de outro escritor, Antoine-Jean Letronne, o mito se perpetuou e foi encarado como uma crença comum, mesmo estando longe da verdade.

No fim, mesmo preocupado sobre o fim de sua viagem, Colombo não provou se o planeta era redondo — sequer tinha essa intenção. Responsável por atravessar o oceano e mostrar que existia muita terra para além da Europa, o explorador mudou o curso da história humana. E algumas pessoas se aproveitaram disso.

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