Artes/cultura
27/12/2022 às 02:00•2 min de leitura
Em Jurassic Park (1993), dirigido por Steven Spielberg, o Tiranossauro Rex emite um som aterrorizante com sua boca bem aberta e todos os dentes à mostra. Pesquisas recentes apontam, no entanto, a possibilidade de que o som produzido por um T-rex estivesse mais próximo do arrulhar de uma pomba do que do "rugido" assustador que imaginamos.
O T-rex provavelmente não abria a boca para produzir sons. (Fonte: Shutterstock)
A paleontóloga da Universidade do Texas, Julia Clarke, realizou um exame detalhado do fóssil de uma ave primitiva, que viveu entre 66 a 68 milhões de anos atrás, e coexistia com dinossauros não aviários. No fóssil, foram identificados anéis mineralizados de uma siringe, o órgão reprodutor de sons presente em pássaros da época.
Segundo Clarke, dinossauros aviários evoluíram de espécies terópodes há cerca de 165 a 150 milhões de anos, e o nome mais famoso entre os terópodes é justamente o Tyrannosaurus rex. Dessa forma, se a ave que possuía siringe evoluiu de espécies terópodes, por que fósseis desse tipo não apresentam tal órgão?
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Buscando essa resposta, Clarke passou a estudar os pássaros modernos para compreender como eles produzem sons. E foi a partir desses estudos que a pesquisadora chegou a conclusão de que provavelmente os dinossauros não rugiam, mas sim arrulhavam como as pombas.
Conforme a cientista, muitos pássaros modernos produzem sons por meio de uma vocalização com a boca fechada que ignora a siringe. Assim, a pesquisadora aponta que os erros ao retratar os sons do T-rex estão em apresentá-lo berrando com a boca bem aberta e, especialmente, fazendo isso antes de atacar presas, já que, em geral, os predadores não avisam que estão por perto. No caso dos dinossauros, isso provavelmente também não seria feito com a boca aberta.
A crista dos halossauros os fazia produzir sons aterrorizantes. (Fonte: Shutterstock)
Enquanto o T-rex possivelmente não era tão barulhento como imaginávamos, outras espécies causavam terror com seus sons. Esse é o caso do hadrossauro chamado Parasaurolophus tubicen.
Esse dinossauro possuía uma crista de quase 1 metro de comprimento, que se projetava para trás da cabeça, e três pares de tubos ocos que iam do nariz até o fim da crista. Essa estrutura, segundo paleontólogos do Museu de História Natural do Novo México, formava uma câmara de ressonância enorme. Esse órgão fazia com que o P. tubicen produzisse grunhidos semelhantes ao do Casuar, uma ave australiana que produz sons profundos nas selvas onde vive.
Em pesquisas simulando como o ar se comportaria na crista de um desses animais, os sons foram o que eles consideraram “de outro mundo”. Estridentes ou não, o certo é que as selvas do nosso planeta não eram um local muito tranquilo há milhões de anos.