Ciência
20/01/2023 às 12:00•3 min de leitura
Imagine a cena: você está tranquilamente em casa, assistindo algo na TV, quando um dos personagens boceja. Poucos segundos depois, você mesmo boceja também. Estranho, né? O pior é que por mais que não percebamos, este efeito ocorre o tempo todo, seja durante conversas com amigos e familiares ou até mesmo ao perceber aleatoriamente alguém bocejando na rua.
Mas por que isto acontece? Por que ao ver alguém bocejando também temos a reação de bocejar? Bem, a ciência tem algumas hipóteses, e vamos te contar um pouquinho mais sobre isto nos próximos parágrafos.
Por ser uma reação bastante aleatória, geralmente nem mesmo nos perguntamos o motivo de bocejarmos e podemos até mesmo achar que não há razão para tal ação (ou reação). A ciência, é claro, sempre busca informações para todo tipo de coisa que possamos imaginar mas, acredite, parece que nem mesmo os espertos cientistas têm uma resposta definitiva sobre o tema.
Uma das hipóteses que já circularam por aí foi a de que o bocejo nada mais seria do que uma reação do nosso corpo ao se livrar do dióxido de carbono e capturar mais oxigênio — mas a realidade pode não ser bem esta. A teoria por trás desta hipótese é a seguinte: quando entediadas, cansadas ou sonolentas, as pessoas recebem doses menores de oxigênio nos pulmões. Isto faz com que a quantidade de CO2 no sangue suba, levando o cérebro a instintivamente enviar o comando do bocejo, que seria uma espécie de respiração reforçada cheia de oxigênio novinho em folha.
Cientistas acreditavam que o bocejo podia ser uma "renovação" do nível de oxigênio no sangue
Isto, é claro, é apenas uma teoria... e uma que parece que já foi derrubada faz tempo. Em 1987, o Dr. Robert Provine era tido como o maior expert quando o assunto era bocejos. Provine, que era professor na Univerisidade do Condado de Baltimore, em Maryland, nos EUA, realizou um experimento com quatro voluntários que deviam respirar diferentes fases com variadas proporções de dióxido de carbono e de oxigênio por 30 minutos.
Durante o teste, ninguém bocejou mais que o normal, então a hipótese logo foi descartada. Experimentos similares foram feitos novamente em 2007 na Universidade da Albânia e os resultados foram basicamente os mesmos.
Outros testes sugerem uma teoria um pouco diferente. Segundo eles, o bocejo seria uma forma de o nosso corpo resfriar o interior da cabeça — mais especificamente a região onde fica o cérebro. Como a respiração pelo nariz puxa ar fresco pelas narinas, o interior da região nasal fica mais fresquinho, e daí veio a ideia de um teste bastante engenhoso: cientistas puseram toalhas mornas na testa de um grupo de voluntários e toalhas frias sobre a cabeça dos outros. Aqueles com o material mais fresquinho sobre a testa nem ao menos bocejaram, enquanto os demais soltaram diversos bocejos.
Assim, segundo essa nova hipótese, o bocejo serve como uma espécie de sistema de resfriamento cerebral, que visa manter nosso cérebro fresquinho e nossa eficiência mental funcionando no melhor nível possível.
Antes de terminar a explicação, é preciso lembrar daquele fato curioso mencionado no começo do texto: quando vemos alguém bocejando, a reação geralmente é de também bocejar. E isto não ocorre só entre humanos: você pode, por exemplo, ver seu cachorro bocejar e soltar um imenso bocejo logo em seguida.
Você já deve ter bocejado ao ver seu pet bocejar e vice-versa
A explicação para isto pode ser a seguinte: criaturas que vivem em grupo geralmente são mais atentas ao comportamento de seus companheiros. Neste caso, ao perceber que um dos membros está bocejando, os demais recebem o alerta de que a atividade cerebral pode estar abaixo do esperado, fazendo com que instintivamente o corpo realize um bocejo para resfriar a região cerebral.
Se todo mundo bocejar, o grupo então volta a ficar vigilante, garantindo um aumento na segurança e no alerta do grupo. A natureza é realmente fascinante!