Cryopets: os animais que estão sendo preservados em sono criogênico

13/05/2023 às 05:003 min de leitura

Foi em 1965 que a Life Extension Society (LES) ofereceu a oportunidade de preservar uma pessoa pela primeira vez na história da tecnologia, ainda que se tratasse de um feito um tanto quanto experimental.

O renomado professor de psicologia, James Bedford, acreditava que ainda tinha chances de se livrar do câncer que se enraizava dentro dele, mas isso não o impediu de reservar mais de US$ 100 mil em seu testamento para custear pesquisas sobre criogenia. Ele deixou explícito seu desejo final de ser criopreservado, com a sorte de ser ressuscitado anos mais tarde.

De lá para cá, a criogenia se tornou um meio de confortar famílias com a preservação de seus entes queridos e a possibilidade, ainda que remota, de reavivá-los no futuro. Foi assim com Bedford em 1965, e com Zhan Wenlian em 2017.

Mas isso não é tudo. A disseminação do método, cada vez mais tecnológico, contaminou outras áreas, e as pessoas passaram a ter vontade de criopreservar seus animais de estimação. Por isso, surgiram empresas e startups como a Cryopets, que visam estabelecer uma rede de clínicas veterinárias que forneçam check-ups regulares, atendimento de emergência e também a opção de preservação eterna dos companheiros de quatro patas.

A ambição

(Fonte: Época Negócios/Reprodução)(Fonte: Kai Micah Mills/Business Insider/Reprodução)

A ideia por trás da criopreservação surgiu em meados de 1953, com o cientista James Lovelock teorizando sobre a possibilidade de submeter um corpo morto ao congelamento a partir da criopreservação de roedores. Ele relatou que os animais podiam ser congelados com 60% da água do cérebro cristalizada em gelo sem gerar efeitos adversos, embora outros órgãos tenham se mostrado suscetíveis a danos. O estudo fez com que outros cientistas congelassem ratos e depois os revivesse, sem dano significativo aparente.

Uma vez que tudo começou com os animais, que sempre se mostraram mais propensos à preservação do que a complexidade do corpo humano, a humanização do processo também os alcançou. No caso da Cryopets, os animais enviados para uma instalação em Utah serão pelo mesmo motivo dos humanos: a ressurreição.

À medida que a prática ganha mais tração pelo mundo, instalações estão sendo criadas para suprir a demanda. A Alcor Life Extension Foundation, com sede em Scottsdale, atualmente mantém 186 humanos e 86 animais, afinal, “se você ama um animal, porque não tê-lo de volta no futuro, supondo que isso funcione?”, disse o CEO da Alcor, Dr. Max More.

(Fonte: The Santa Barbara Independent/Reprodução)(Fonte: The Santa Barbara Independent/Reprodução)

O médico sustenta a ideia de que tudo é possível mudar, visto que a própria definição do que é considerado legalmente morto, por exemplo, já é diferente da década de 1960. “Se o coração de uma pessoa parasse naquele tempo, ela estava morta, mas hoje dizemos que ela morrerá se não fizermos algo rapidamente”, pontua ele. 

More quis dizer que quando os médicos levantam as mãos dizendo que não há mais nada o que possar ser feito, eles estão se referindo com base nas habilidades e tecnologia de hoje, mas isso certamente mudará no futuro, como aconteceu na segunda metade do século passado.

A vontade da morte

Marco Bello/Getty Images(Fonte: Marco Bello/Getty Images)

Peter Thiel, o investidor bilionário por trás da Cryopets, que financiou de inteligência artificial a foguetes reutilizáveis, sustenta a mesma ideia. Na verdade, ele vai mais longe. Em fevereiro desse ano, a fundação de Thiel anunciou 20 jovens colaboradores que aceitaram interromper seus estudos universitários para receber US$ 100 mil ao longo de dois anos.

Aos 24 anos, Kai Mills foi um dos poucos que abandonaram o ensino médio já admitido na faculdade, sendo descoberto por Thiel por administrar servidores do Minecraft no porão de sua casa. Seu fascínio pela criogenia começou quando seu único companheiro, o gato Cat, começou a apresentar os primeiros sinais de velhice.

Getty Images(Fonte: Getty Images)

Com Thiel, ele espera conseguir alcançar um futuro em que não haja morte, e a Cryopets é a primeira parte desse plano. Algum dia, o bilionário investidor deseja expandir isso para a preservação humana, à medida que a ciência amadurece. “No final das contas, estou interessado em impedir que as pessoas morram”, explicou ele ao Business Insider.

Atualmente, a lista de espera da Cryopets inclui cerca de 500 cães, gatos, coelhos, roedores e um macaco à espera da criopreservação. No final desse ano, a empresa contratará seu primeiro veterinário para iniciar pesquisas sobre métodos de aquecimento de órgãos. E será bem em tempo, visto que o setor da longevidade obteve US$ 5,2 bilhões em financiamento só no ano passado, segundo um relatório da agência de notícias britânica Longevity Technology.

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