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29/05/2023 às 02:00•2 min de leitura
Nós estamos cansados de saber que a vitamina C auxilia na imunidade, que a vitamina A faz bem para os olhos e que precisamos pegar um solzinho para absorver melhor a vitamina D, que traz diversos benefícios para o corpo humano.
Hoje em dia, parece que nós sabemos tudo que tem para saber sobre as vitaminas, não é mesmo? Porém, isso só acontece porque um século atrás, muitos cientistas se dedicaram a estudá-las. Entre 1929 e 1943, nada menos que seis Prêmios Nobel de química e fisiologia foram entregues a pessoas que fizeram descobertas relevantes sobre as vitaminas.
Um desses prêmios, o de 1943, se refere à vitamina K — que é pouco falada até hoje, mas é uma das mais essenciais para o organismo. Ela foi batizada com essa letra porque a vitamina descoberta logo antes dela foi a J (depois renomeada para B2), mas também porque ela tem tudo a ver com a coagulação — koagulation em dinamarquês e alemão.
Ela foi descoberta justamente quando os cientistas observaram substâncias anti-hemorrágicas em alimentos. Mais ou menos na mesma época, foram encontradas substâncias com estrutura semelhante à da vitamina K na pastagem que alimenta o gado. Só que elas causavam o efeito contrário nos bovinos, que começavam a sangrar espontaneamente.
A vitamina K e a antivitamina K estão na fórmula de vários medicamentos (Fonte: GettyImages)
A partir dessas descobertas, foi possível usar a vitamina K para estimular a coagulação (e evitar sangramentos mortais), além da antivitamina K para prevenir os coágulos sanguíneos. Isso vem desde os anos 1950 e há medicamentos populares baseados nisso até hoje.
Mas demorou mais algum tempo, até os anos 1970, para que a ciência descobrisse como essa vitamina realmente funciona. Um ponto importante, nesse sentido, é que a vitamina K atua nas estruturas de diversos aminoácidos — que compõem as chamadas "proteínas dependentes da vitamina K". É o caso da protrombina, essencial para a coagulação do sangue.
Além disso, quando a vitamina K modifica esses aminoácidos, ela pode dar origem a uma nova substância chamada ácido gama-carboxiglutâmico. Ele tem a capacidade de "capturar" íons de cálcio, que são combinados às proteínas. Em resumo, isso significa que a vitamina K é bastante atuante no fortalecimento dos ossos, junto ao cálcio.
Em anos mais recentes, foram descobertos novos mecanismos de atuação da vitamina K, com as proteínas S e GAS6. Elas auxiliam células do sistema imunológico na recuperação de tecidos danificados — basicamente, elas ajudam a eliminar as células mortas e regeneram outras. Com isso, a vitamina K também pode contribuir para retardar o envelhecimento.
A vitamina K pode ser encontrada em folhas verdes, como acelga e espinafre (Fonte: GettyImages)
A deficiência de vitamina K é bem rara em seres humanos, já que ela está presente em grande quantidade nos alimentos como espinafre, acelga, couve e folhas verdes em geral. E outro tipo de vitamina K é produzido pelo próprio intestino.
Mas sabendo que ela pode trazer tantos benefícios, especialmente para os idosos, há quem defenda um aumento na ingestão de vitamina K — que pode ser alcançado pelo consumo dos alimentos descritos acima. Além disso, a maioria dos polivitamínicos encontrados no mercado têm vitamina K nas suas fórmulas.
Além de contribuir para a coagulação, a vitamina K pode fortalecer o reparo de tecidos, evitar a calcificação dos vasos sanguíneos e ajudar no aumento da densidade óssea — diminuindo o risco de fraturas. Então, bora caprichar no prato de salada.
A única "contraindicação" é para pessoas que tomam medicamentos para afinar o sangue, já que as propriedades coagulantes da vitamina K podem atrapalhar a atuação do remédio. Fora isso, é muito difícil ingerir quantidades tóxicas da vitamina.