Tycho Brahe: o 'pai da astronomia' que morreu por não urinar

05/06/2023 às 02:002 min de leitura

Quando o assunto é astronomia, muitas pessoas lembram apenas de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Edwin Hubble como os grandes avatares desse campo da ciência. Tycho Brahe, no entanto, é dificilmente mencionado.

O dinamarquês nascido no século XVI foi essencial para a Revolução Científica – o período que marcou o desenvolvimento e origem da ciência clássica – ao fazer algumas notáveis descobertas. Quando ele avistou uma supernova, em 1572, desafiou muito do que era considerado fato sobre a natureza imutável das estrelas. Naquele tempo, Brahe também já documentava suas convicções de que o Sol e a Lua orbitavam a Terra, e que outros planetas orbitavam o Sol. Até mesmo as leis do movimento planetário de Johannes Kepler foram baseadas em suas observações sobre os movimentos de Marte.

Com tudo isso, é, no mínimo, bizarro imaginar que o astrônomo Tycho Brahe morreu por não urinar, mesmo tendo sobrevivido a um duelo em que teve o nariz decepado por seu primo de terceiro grau. E isso não foi tudo, Brahe também abriu a cabeça e teve que usar uma prótese de metal no nariz pelo resto de sua vida.

O último banquete

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Segundo os autores Victor Thoren e John Cristianson, escritores do livro The Lord of Uraniborg: A Biography of Tycho Brahe, em 19 de outubro de 1601, o astrônomo compareceu a um banquete informal em Praga. Em um momento da noite, quando precisou ir ao banheiro urinar, a etiqueta em permanecer à mesa com os convidados o forçou a segurar sua vontade e só se aliviar quando chegasse em casa.

A princípio, nada aconteceu, mas no dia seguinte, Brahe começou a sentir fortes dores. Foram cinco dias e noites de pura agonia, sentindo uma queimação e intensa dor na bexiga. O homem só conseguia produzir uma pequena quantidade de urina, sob muito sofrimento, porque parecia que sua uretra estava bloqueada. 

Como resultado, em 24 de outubro, Tycho Brahe faleceu aos 54 anos, após 38 anos documentando as estrelas.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Naquela época, um médico atestou a causa da morte do astrônomo por cálculos renais. No entanto, uma autópsia em 1901 não encontrou nenhum vestígio de pedras nos rins. Alguns especularam que Brahe foi envenenado com mercúrio por inimigos ou talvez por ser amante de alguma mulher casada.

Séculos de dúvidas só foram sanadas oficialmente em 2010, quando os restos mortais do astrônomo foram revirados novamente e os médicos não encontraram nenhuma quantidade letal de qualquer veneno. Atualmente, acredita-se que Tycho Brahe tenha morrido porque sua bexiga estourou.

Olhando mais para cima do que para baixo

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Como explica Ajay Deshpande, líder clínico sênior do London Medical Laboratory, a bexiga pode conter cerca de dois copos de líquido durante o dia e até quatro à noite. Ignorar o aviso de que a bexiga precisa esvaziar pode causar dores fortes, chegando a cólicas pélvicas, que é o pior que pode acontecer.

No entanto, segurar por mais tempo pode levar a uma infecção do trato urinário, que causa ardor ao fazer xixi e acrescenta um cheiro fétido à urina. Somado ao problema, pode surgir ocasionalmente um alongamento da bexiga e danos aos músculos do assoalho pélvico. A longo prazo, isso pode levar à incontinência.

Em uma pessoa saudável, é impossível que a bexiga estoure apenas por segurar o xixi demais, afinal, a urina deve escapar involuntariamente antes que isso aconteça. Contudo, o bloqueio ocasionado por algum tipo de trauma, como pélvico ou abdominal, pode, sim, levar a essa ruptura. 

Esse deve ter sido o caso do pai da astronomia, que passou mais tempo olhando para cima do que para baixo.

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