Ciência
06/06/2023 às 06:30•2 min de leitura
Em 1974, Stephen Hawking entrou para a história da física por propor que os buracos negros eventualmente evaporam, perdendo algo batizado de "radiação de Hawking" — uma drenagem de energia na forma de partículas de luz através de seus campos gravitacionais. No entanto, uma nova revisão feita sobre esse estudo tem sugerido algo ainda mais poderoso.
Segundo o trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade Radboud, na Holanda, a radiação de Hawking não seria criada apenas pelo roubo de energia dos buracos negros, mas de todos os objetos com massa suficiente. Dessa forma, caso essa teoria fosse confirmada, tudo no Universo acabaria desaparecendo um dia.
(Fonte: GettyImages)
Em comunicado oficial, o principal autor da revisão, Heino Falcke, tentou elucidar alguns pontos sobre como a radiação de Hawking funcionaria. "Qualquer objeto sem um horizonte de eventos, como os restos de estrelas mortas e outros grandes objetos no Universo possuem esse tipo de radiação", iniciou sua fala.
De acordo com Falcke, isso indicaria que, após um período muito longo, tudo que existe no Universo eventualmente evaporaria — com suas energias "sangrando" lentamente em forma de luz. Logo, não só os buracos negros poderiam sumir de uma hora para outra, mas todas as coisas que conhecemos sobre a existência ao nosso redor.
Sendo assim, a revisão publicada na revista Physical Review Letters, no dia 2 de junho, não só desafia a compreensão da radiação de Hawking, como também traz uma nova perspectiva sobre a realidade do Universo e seu futuro. Por mais que tudo ainda seja especulação, é muito provável que a humanidade não esteja por perto para ver nada disso acontecer.
(Fonte: GettyImages)
Em 1974, Stephen Hawking já previa que a imensa força gravitacional sentida na boca dos buracos negros era responsável por criar minúsculas vibrações que explodiam aleatoriamente em partículas virtuais produtoras de luz com energia muito baixa, também chamados de fótons.
À medida que essas forças se aproximam de um grande puxão gravitacional da singularidade dos buracos negros, os campos quânticos tendem a ficar mais distorcidos. Isso traria mudanças na percepção do espaço-tempo — a qual dita a nossa compreensão sobre o Universo e tudo ao seu redor.
Essas deformações fazem com que os buracos negros vazem energia em forma de partículas (radiação de Hawking), o que significa que eles eventualmente acabariam perdendo sua energia e desaparecendo completamente no futuro longínquo. Porém, se um campo gravitacional é tudo o que é necessário para esse fenômeno acontecer, o que impede qualquer objeto com uma massa de distorção no espaço-tempo de também "vazar"?
Segundo a revisão holandesa, a resposta é nada. Os cientistas ainda não sabem ao certo o que essa informação significa na realidade. Contudo, é possível que, à medida que a matéria que compõe as estrelas e planetas envelheça, ela passará por uma intensa transição de energia até colapsar em buracos negros. Estes, por sua vez, continuarão "pingando" luz lentamente até sumirem sem deixar vestígios para trás.