Osso de 1,45 milhão de anos pode comprovar canibalismo primitivo

07/07/2023 às 08:002 min de leitura

A prática do canibalismo pode ser mais antiga do que se imaginava, de acordo com um novo estudo publicado na revista Scientific Reports no final de junho. Para chegar a esta conclusão, foi examinado um osso de 1,45 milhão de anos, pertencente a um hominídeo.

Essa tíbia fossilizada, analisada por pesquisadores do Museu Nacional de História Natural da Instituição Smithsoniana, nos Estados Unidos, foi encontrada em Turkana, no Quênia, em 1970. Ela contém marcas de cortes que podem se tornar as evidências mais antigas de ancestrais humanos comendo uns aos outros.

No pedaço da canela esquerda de um parente desconhecido do Homo sapiens, há nove marcas orientadas na mesma direção, na área em que o músculo da panturrilha se liga ao osso, além de mais duas. Tais características podem indicar uma metodologia para remover carne.

(Fonte: Scientific Reports/Divulgação)(Fonte: Scientific Reports/Divulgação)

As marcas foram comparadas a outras incluídas em um banco de dados com registros de quase 900 ossos, dentes e cortes, utilizados como referência em investigações. O estudo encontrou correspondências entre os danos causados por cortes feitos usando ferramentas de pedra em nove delas, enquanto as duas restantes representavam mordidas de um grande felino, possivelmente.

Dúvidas

Embora haja evidências de que o canibalismo envolvendo o primata ao qual este osso de 1,45 milhão de anos pertencia tenha ocorrido, as marcas de corte, por si só, não comprovam a prática. Ou seja, não é possível afirmar que quem arrancou a carne a utilizou como refeição.

Mas para a paleoantropóloga Briana Pobiner, o cenário do canibalismo é o mais provável. “Essas marcas de corte se parecem muito com o que vi em fósseis de animais que estavam sendo processados para consumo”, observou a especialista em evolução da dieta humana, em comunicado.

(Fonte: Scientific Reports/Divulgação)(Fonte: Scientific Reports/Divulgação)

A coautora do estudo explicou ainda que a espécie capaz de manipular a pedra como ferramenta possivelmente usou a carne do hominídeo apenas para se alimentar e não em rituais. Também não se sabe se este “açougueiro pré-histórico” é mesmo o responsável pela morte do dono da tíbia.

Não se descarta a possibilidade de a vítima ter sido atacada primeiro por um felino, como o tigre dente-de-sabre ou outra espécie já extinta. Neste caso, o hominídeo canibal teria se deparado com os restos mortais posteriormente e aproveitado a oportunidade para saciar sua fome.

Prática comum?

Considerado um tabu na modernidade, o canibalismo entre humanos (antropofagia) pode ter sido comum no passado. Segundo a antropóloga do Museu de História Natural de Londres, Silvia Bello, marcas como as achadas neste osso nem sempre são visíveis, além da chance de os corpos terem sido totalmente devorados.

Ela também acredita que a prática de se alimentar de outros indivíduos da mesma espécie possa ter se tornado mais do que uma refeição há cerca de 100 mil anos, com o desenvolvimento dos rituais funerários.

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