Linhas de Blaschko: conheça as 'listras de zebra' que todos temos na pele

22/07/2023 às 05:002 min de leitura

Embora consideremos o "sentir na própria pele" uma das experiências mais íntimas e profundas, trazemos nesse grande órgão do corpo humano, desde o nascimento, alguns detalhes escondidos. Descobertas em 1901, as chamadas "linhas de Blaschko" percorrem o nosso corpo inteiro.

Visíveis apenas sob a luz ultravioleta, ou na manifestação de alguns distúrbios de pigmentação, essas listras parecidas com as de zebras vão da cabeça aos pés e, nesse trajeto, ziguezagueiam, fazem espirais por nossas cabeças e rostos, e compõem um conjunto natural de "tribais" em nossas costas e quadris. 

Justamente por serem invisíveis, essas linhas foram descobertas por acaso pelo dermatologista alemão Alfred Blaschko, após revisar um artigo seu de 1884 chamado "Sobre a distribuição das alterações pigmentares da pele". Ele observou que algumas alterações pigmentares de pele, como manchas de nascença e vitiligo, seguem um padrão definido. 

Autenticando as linhas de Blaschko

(Fonte: Goran_tek-en/Wikimedia Commons)(Fonte: Goran_tek-en/Wikimedia Commons)

O trabalho de Blaschko sobre doenças lineares da pele foi reconhecido mundialmente e acabou norteando diversos estudos posteriores, principalmente a sua suspeita de que os seus padrões tinham origem embrionária. Ele percebeu que muitas doenças de pele que seguiam exatamente as mesmas linhas que estavam presentes nas pessoas desde o nascimento. 

Em um desses estudos mais recentes, publicado em abril de 2001, os dermatologistas Rudolf Happle e Atessa Assim, da Universidade de Marburg na Alemanha, acrescentaram detalhes ao mapa dos nossos corpos, em seu trabalho "As linhas de Blaschko na cabeça e pescoço". 

Analisando 186 casos de lesões na cabeça e pescoço, os pesquisadores confirmaram que as linhas de Blaschko realmente traçam caminhos formados durante o desenvolvimento embrionário, à medida que as células da pele migram e proliferam. Na raiz nasal, elas têm forma de ampulheta e, no couro cabeludo, formam uma espiral.

Lesões de pigmentação seguindo as linhas de Blaschko

Incontinência pigmentar na axila de uma criança de 3 anos. (Fonte: Journal of Medical Case Reports/Wikimedia Commons)Incontinência pigmentar na axila de uma criança de 3 anos. (Fonte: Journal of Medical Case Reports/Wikimedia Commons)

Diversas doenças de pele causam lesões de pigmentação que acompanham as linhas de Blaschko quando aparecem no corpo. Isso inclui tanto distúrbios adquiridos, como o líquen estriado (erupção avermelhada e escamosas), como algumas condições genéticas: incontinência pigmentar (síndrome de Bloch-Sulzberger) e a síndrome de McCune-Albright, que produz manchas do tipo café com leite.

Essas lesões cutâneas que permitem o mapeamento das linhas de Blaschko são alguns exemplos de mosaicismo, uma condição genética em que uma pessoa possui duas ou mais populações diferentes de células. Exemplo disso são as quimeras, nas quais um gêmeo fraterno absorve células do seu irmão enquanto os embriões se desenvolvem.

Descobertas há mais de cem anos, essas faixas imaginárias foram úteis para futuros tratamentos, pois auxiliam o entendimento do desenvolvimento embrionário da pele, além de facilitar o diagnóstico de doenças associadas às linhas de Blaschko.

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