Estilo de vida
28/07/2023 às 10:00•2 min de leitura
Assim como na atualidade, Machu Picchu recebia pessoas de diferentes localidades em seu auge, no século XV, surgindo como um dos grandes centros urbanos desta parte do continente à época. É o que revela uma nova análise de DNA de antigos habitantes da cidade histórica que fica na Cordilheira dos Andes, no Peru.
Segundo a investigação, cujos resultados saíram na revista Science Advances na quarta-feira (26), a “cidade perdida dos Incas” tinha uma população composta por pessoas vindas de todas as partes do Império Inca. Lugares mais distantes, como a região amazônica, que cobre áreas atuais do Brasil, Colômbia e Bolívia, também tinham seus representantes.
Para chegar à conclusão, cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, analisaram amostras de DNA dos restos mortais de 34 pessoas enterradas nos cemitérios da cidade peruana há mais de 500 anos e do mesmo número de indivíduos que viviam em Cusco. Elas foram comparadas ao material genético de povos indígenas atualmente residentes nos Andes.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O estudo sugere que apenas alguns poucos moradores eram originários da região próxima a Machu Picchu, enquanto um terço provavelmente vinha da planície amazônica. A maioria era nativa da costa do Pacífico e de áreas que pertencem ao Chile e Equador.
Ao contrário do que acontece no presente, com turistas de todos os cantos do planeta indo até Machu Picchu apenas para o lazer, os antigos visitantes da cidade inca chegavam lá para trabalhar. Como destaca a pesquisa, esses indivíduos eram retirados de terras conquistadas e "dados de presente" ao imperador.
Cerca de 750 pessoas residiam na cidade localizada no topo de uma montanha, incluindo membros da realeza — o imperador passava boa parte do tempo no local. Porém, a maioria da população era formada pelos empregados permanentes, oriundos de outras regiões.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Entre os servos, estavam os “yanacona”, como eram chamados os homens de outras áreas. Já as mulheres estrangeiras ficaram conhecidas como “acllacona” e muitas vezes se tornavam esposas dos empregados, de maneira forçada.
Ambos os grupos de forasteiros tinham como obrigação atender às necessidades do imperador e seus convidados, realizando caçadas e preparando banquetes para as festas. A animação também ficava por conta dos servos, que precisavam cantar e dançar, além de se envolver nas cerimônias religiosas.
Conforme os pesquisadores, os altos níveis de diversidade da população de Machu Picchu reforçam a importância histórica e cultural da pequena cidade no Sul do Peru, já na época da sua fundação. O estabelecimento do Império Inca ali atraiu pessoas de muitos lugares.
Os empregados chegavam até lá de forma individual e não como famílias ou comunidades, segundo os autores, e acabavam se relacionando e até tendo direito a alguns privilégios. Em Cusco, a diversidade era muito menor, mesmo tendo o título de capital do Império Inca.