É possível que a evolução retorne a estágios anteriores?

05/09/2023 às 04:002 min de leitura

A evolução é um processo natural, que ocorre sem um objetivo específico e pode ser positiva ou negativa. Todos os seres vivos do planeta são resultado de milhares ou milhões de anos de evolução. Mas, e se ela caminhasse no sentido contrário? Seria possível que uma característica que foi "perdida" durante a evolução, retornasse em um estágio futuro?

Por muito tempo acreditou-se que não. Porém, existem evidências que sugerem que isso já aconteceu, e mais de uma vez.

A lei de Dollo

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Em 1893, o paleontólogo belga Louis Dollo desenvolveu um princípio para descrever a maneira como a evolução acontece. Conhecido como lei da irreversibilidade da evolução — ou, simplesmente, lei de Dollo —, este princípio diz que a probabilidade de uma espécie retornar a um estágio evolutivo que foi perdido é tão baixa, que pode ser considerada desprezível.

Na prática, isso significa que a evolução pode caminhar para tantos lados, que é praticamente impossível que uma característica perdida reapareça. Um exemplo clássico que ilustra isso é o processo evolutivo dos cetáceos. Mesmo tendo retornado à vida aquática, seu sistema respiratório não voltou a ser branquial, algo que seria mais eficiente para respirar embaixo d’água.

A lei de Dollo muitas vezes é confundida como uma regra que diz que é impossível um estágio evolutivo que desapareceu, retorne milhões de anos no futuro. Porém, existem alguns casos que provam que por mais improvável que seja, às vezes um evento aleatório — como é o caso da evolução — pode acontecer mais de uma vez.

Exceções à regra

Aves como o faisão possuem asas com um osso que foi 'perdido' em ancestrais recentes, mas que estavam presentes nos dinossauros. (Fonte: GettyImages)Aves como o faisão possuem asas com um osso que foi 'perdido' em ancestrais recentes, mas que estavam presentes nos dinossauros. (Fonte: GettyImages)

Um exemplo bem conhecido é dos lagartos do gênero Liolaemus. Esse grupo de répteis são comuns em regiões frias e isso propiciou que eles evoluíssem para dar à luz filhotes vivos (ovovivíparos). Porém, os cientistas descobriram que quando algumas espécies de Liolaemus migraram para regiões mais quentes, elas começaram a botar ovos novamente (ovíparos).

Porém, um réptil voltar a botar ovos não é, necessariamente, um retorno a um estágio evolutivo anterior. Na verdade, alguns biólogos consideram que se trata de uma consequência natural da evolução. Mas há outro exemplo que demonstra como uma característica pode retornar, contrariando a lei de Dollo.

Um estudo interessante mostrou que um osso do pulso presente em ancestrais de aves, após milhões de anos ausente, surgiu novamente. Ele estava presente em alguns dinossauros que caminhavam sobre as quatro patas. Para suportar o peso, eles precisavam de pulsos fortes, que eram sustentados por um osso chamado de pisiforme.

Durante o processo evolutivo que resultou nas aves modernas, alguns dinossauros começaram a andar em duas patas, e com o tempo o pisiforme desapareceu. Porém, existem algumas aves, como o faisão, cujo corpo evoluiu de modo que permitissem manter as asas juntas ao corpo. Para isso, foi necessário que elas se tornassem mais flexíveis, e isso aconteceu com o ressurgimento do osso pisiforme — que não é encontrado nos ancestrais mais recentes dessas aves.

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