Conheça o primeiro sorvete de baunilha feito de plástico – e comestível – do mundo

08/10/2023 às 08:002 min de leitura

A designer italiana Eleonora Ortolani descobriu uma forma de produzir sorvete de baunilha a partir de plástico. O projeto Guilty Flavours ("sabores com culpa", em tradução livre), apresentado como trabalho final à Central Saint Martins da Universidade das Artes de Londres, busca utilizar a digestão humana como forma de eliminar o plástico para sempre.

Ortolani trabalhou com a biotecnóloga Dra. Joanna Sadler, da Universidade de Edimburgo, para desenvolver novos processos bioquímicos que tornassem o material consumível. O resultado foi um tipo de vanilina (extrato de baunilha) sintética produzida a partir de resíduos de plástico PET — o mesmo utilizado em garrafas de refrigerante, por exemplo.

Além de Joanna Sadler, a equipe do projeto contava com outros quatro colaboradores: Hamid Ghoddusi, professor na Universidade Metropolitana de Londres, Steve Pearce, da Omega Ingredients, Douglas McMaster, chef do restaurante lixo-zero "Silo", e Paula Corsini, pesquisadora da Central Saint Martins.

Eleonora Ortolani afirmou que a ideia para o Guilty Flavours surgiu de sua insatisfação com o sistema de reciclagem. Atualmente, existe um limite para a transformação de resíduos em novos produtos, o que acaba gerando ainda mais lixo.

Como transformar plástico em comida?

(Fonte: Eleonora Ortolani/Tom Mannion/University of the Arts London/Reprodução)(Fonte: Eleonora Ortolani/Tom Mannion/University of the Arts London/Reprodução)

O extrato de baunilha, assim como os diversos tipos de plástico existentes, é produzido a partir do petróleo bruto. A ideia da designer com o projeto era encontrar uma forma de quebrar as ligações das moléculas do polímero e sintetizá-las em vanilina.

Para isso, a equipe modificou a bactéria Escherichia coli a fim de possibilitar essa quebra. A substância resultante da experiência possui estrutura molecular idêntica ao extrato sintético, além de ter cheiro de baunilha, segundo Ortolani. Entretanto, devido a seu ineditismo, há restrições impostas por parte de órgãos de segurança alimentar que devem ser seguidas. 

Isso significa que, até que sejam realizados estudos suficientes para definir os efeitos no organismo, ninguém está autorizado a provar do sorvete. Por enquanto, o produto encontra-se exposto em uma geladeira na Central Saint Martins.

Expectativas para o futuro

(Fonte: Eleonora Ortolani/Mael Henaff/University of the Arts London/Reprodução)(Fonte: Eleonora Ortolani/Mael Henaff/University of the Arts London/Reprodução)

A Dra. Joanna Sadler publicou um artigo sobre a experiência em 2021 na revista Green Chemistry. Nele, ela relata que essa pode ser uma resposta de baixo custo à crise mundial de resíduos, além de contribuir para uma economia circular. Dessa forma, o plástico pós-consumo pode ser visto não como lixo, mas sim uma fonte reutilizável de carbono para produzir materiais industriais relevantes.

Já Ortolani destaca em seu site a urgência de um número maior de soluções inovadoras e mudanças na sociedade, analisando os problemas ambientais atuais. Isso porque, no caso do seu projeto, ainda há algum tempo até que o consumo seja liberado. Com cada vez mais opções surgindo, pode-se ter a esperança de um "futuro mais sustentável".

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: