Ciência
17/10/2023 às 10:00•2 min de leitura
Enquanto muitos brasileiros se preparavam para observar o glorioso eclipse solar total no último sábado (14) — o qual criou um glorioso "anel de fogo" —, observadores na Península de Yucatán e em outras partes do sul do México apenas seguiram os passos dos antigos maias. Afinal, eles eram conhecidos por sua grandiosa experiência astronômica.
A cultura pré-hispânica sempre teve o costume de monitorar diversos eventos celestes, entre eles os eclipses. Recentemente, o Instituto Nacional Mexicano de Antropologia e História (INAH) chegou a afirmar que os maias tinham um conhecimento tão profundo da mecânica espacial ao ponto de serem capazes de ter muita precisão na previsão desse tipo de fenômeno. Mas como isso era possível para um povo sem telescópios ou outros dispositivos para ajudar nos cálculos?
(Fonte: GettyImages)
Ao contrário de astrônomos modernos, os quais contam com o auxílio de inúmeras tecnologias para monitorar eventos celestiais, os maias precisam se virar de outras formas. Por esse motivo, pesquisadores estimam que os eles tenham sido capazes de prever cerca de 55% dos eclipses com uma precisão impressionante.
Embora o número esteja longe dos 100% de acerto, esse ainda é um dado bem relevante considerando a falta de tecnologia moderna. Então, como eles eram capazes de prevê-los? Um dos grandes motivos é que os maias sabiam que não se pode existir eclipse solar exceto durante a Lua Nova, e não se pode ter eclipse lunar a menos que seja Lua Cheia.
Com base nessas informações, eles conseguiam fazer um certo grau de previsão. Muitos dessas dados podem ser demonstrados no Códice de Dresden, uma série de textos maias que trazem um acervo astrológico daquele tempo. Acredita-se que a obra tenha sido escrita um pouco antes da conquista espanhola.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Um dos sinais de como os maias interpretavam os eclipses pode ser encontrado na página 54 do Códice de Dresden. Nesse texto, é possível ver a imagem de uma faixa celestial, o Sol, dois fêmures e campos pretos e brancos que se parecem com asas de borboletas. Na língua local, tais eventos eram referidos como Pa'al K'in, o que significa "Sol quebrado". Já para os astecas, normalmente os eclipses eram chamados de Tonatiuh qualo, o que quer dizer "o Sol é comido".
Atualmente, nós temos uma ideia de que o Sol não é devorado nem danificado durante um eclipse solar. Na realidade, a estrela é apenas obscurecida quando a Lua Nova cruza o plano da órbita da Terra. Esse fenômeno costuma ocorrer a cada 177 dias — um período conhecido como temporada de eclipses —, mas que não costuma ser visto de forma total em todas as partes do mundo.
Dentro do Códice de Dresden, existem tabelas e almanaques divididos em intervalos de 177 a 148 dias, o que mostra uma correlação com o intervalo de tempo dos eclipses solares e lunares. A precisão dessas leituras só mostra ainda mais a proficiência astronômica dos maias em um tempo onde os humanos não tinham nem metade dos recursos disponíveis atualmente.