Ciência
29/10/2023 às 05:00•3 min de leitura
As patentes das boas ideias são geralmente preservadas com muito cuidado pelos seus criadores, que não querem perder de lucrar com aquilo que inventaram.
Mas saiba que muitas invenções valiosas para a humanidade só estão circulando porque seus donos renunciaram às patentes delas. Neste texto, compartilhamos cinco vezes em que isso aconteceu e um ato de verdadeiro altruísmo beneficiou a todos nós.
Leia também: 10 invenções indígenas das Américas que ainda usamos
(Fonte: Getty Images)
As leis do trânsito tornaram o cinto de segurança obrigatório nos automóveis apenas nos anos 1980, revoltando muitas pessoas com a decisão. Mas, antes de entrarem na lei, os cintos já existiam.
O cinto ligado a três pontos (que passa por cima do ombro e se fixa em um ponto no banco) é até hoje o mais comum, popular e seguro. Só que ele foi criado e patenteado pelo engenheiro Nils Bohlin, que trabalhava na Volvo em 1959.
Bohlin decidiu por não explorar comercialmente essa invenção capaz de salvar vidas. Por isso, em conjunto com a própria Volvo, ele decidiu fornecer a tecnologia gratuitamente à indústria automobilística para as montadoras que quisessem usar. O resultado é que, desde então, milhares de vidas foram salvas.
(Fonte: Getty Images)
O palito de fósforo é uma tecnologia realmente notável: por meio de uma simples fricção em uma superfície, o fogo é gerado. Só que os primeiros palitos, criados no século XIX, eram feitos de fósforo branco, o que causou a mutilação de muitas pessoas e, em alguns casos, até a morte.
Em 1910, a empresa Diamond Match Company patenteou um novo tipo de fósforo com uma inovação incrível: ele não era venenoso como a versão anterior. Por isso, eles logo se tornaram extremamente importantes, a ponto de William Howard Taft, o então presidente dos Estados Unidos, pedir à Diamond Match Company que desistisse da patente. Isso foi feito, e nunca mais alguém passou pela experiência de riscar um fósforo extremamente tóxico.
(Fonte: Getty Images)
O médico americano Jonas Salk, nascido em 1914, começou a trabalhar em uma vacina durante a Segunda Guerra Mundial. Ela foi aperfeiçoada em 1955 e se tornou eficaz na prevenção contra a poliomelite, que causa a paralisia infantil.
Antes dessa invenção, cerca de 16 mil pessoas contraíam a doença todos os anos, e algumas acabavam ficando com sequelas extremas. Hoje a doença está praticamente erradicada por conta da vacina de Salk, que se recusou a patenteá-la. Ele disse que não tinha interesse em lucrar, mas sim que o máximo de pessoas possível pudesse tomá-la.
(Fonte: Getty Images)
O canadense Frederick Banting, que descobriu a insulina em 1923, com certeza salvou muitas vidas. Mas, mesmo com este feito, ele se recusou a registrar o seu nome em uma patente.
Algo diferente ocorreu com os colegas que trabalharam com ele, os cientistas James Collip e Charles Best. Eles decidiram colocar seus nomes na patente, mas a venderam para a Universidade de Toronto por apenas US$ 1. Isso porque eles chegaram em um consenso que não era ético que médicos lucrassem com um medicamento que beneficiaria milhares de pessoas.
Ainda assim, em outros países fora do Canadá, a insulina segue sendo cobrada pelas indústrias farmacêuticas. Em 2021, por exemplo, um frasco custava cerca de US$ 100 nos Estados Unidos, enquanto no Canadá, apenas US$ 12.
Leia também: 6 invenções criadas para trazer a paz, mas que falharam (feio) nisso
(Fonte: Getty Images)
Ben Franklin não patenteou nada que criou. E olhe que o grande intelectual e inventor criou muita coisa, como os óculos bifocais, os para-raios e os cateteres. Mesmo quando as patentes eram oferecidas a ele, Franklin preferia negar.
Certa vez, ele teria declarado: "como desfrutamos de grandes vantagens com as invenções de outros, deveríamos ficar felizes com a oportunidade de servir aos outros por meio de qualquer invenção nossa; e isso devemos fazer de forma livre e generosa". Em contrapartida, ele ganhou prestígio e definitivamente registrou seu nome na história.