Como a genética transforma um fungo pacífico em um predador carnívoro

24/11/2023 às 12:002 min de leitura

No solo do seu jardim, um fungo aparentemente pacífico pode esconder um segredo sombrio. Cientistas descobriram que o Arthrobotrys oligospora, um fungo comum e bem difundido, pode se transformar em um assassino carnívoro quando privado de nitrogênio. Essa descoberta intrigante levanta questões sobre como genes específicos desencadeiam essa transformação, tornando-o um predador temível.

Para entender mais sobre o assunto, vamos explorar as recentes descobertas de uma equipe de pesquisadores de Taiwan e dos EUA, liderada pelo biólogo molecular Hung-Che Lin, que desvendou os mistérios genéticos por trás desse fascinante comportamento.

Adaptação à escassez de nitrogênio

Arthrobotrys oligospora. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)Arthrobotrys oligospora. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

O Arthrobotrys oligospora, em condições normais, sobrevive de matéria orgânica já morta. Entretanto, quando os níveis de nitrogênio tornam-se escassos, uma série de eventos genéticos tem início para garantir sua sobrevivência. A pesquisa revela que a replicação do DNA e a produção de ribossomos aumentam, preparando o terreno para a metamorfose do fungo em um predador.

Contudo, de forma surpreendente, o modo predador deste fungo só é ativado quando detecta a presença de nematoides nas proximidades. Lin e sua equipe usaram nematoides do gênero Caenorhabditis elegans para identificar a via genética responsável por conferir ao A. oligospora a habilidade de "cheirar" feromônios de vermes. Isso desencadeia a intensificação da expressão genética, resultando na formação de armadilhas especializadas para captura.

Proteínas críticas na captura

Caenorhabditis elegans. (Fonte: Getty Images / Reprodução)Caenorhabditis elegans. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

A pesquisa revelou uma nova classe de proteínas na superfície das armadilhas, chamadas de proteínas enriquecidas por armadilha (TEP). A desativação dessas proteínas reduziu drasticamente a eficácia das armadilhas, destacando sua importância na adesão aos nematoides. A proteína, conhecida como sintaxina, desempenha um papel crucial no transporte do "adesivo de verme", uma substância viscosa e natural que se desprende da armadilha, conferindo-lhe uma aderência significativa, dificultando a locomoção da presa.

Após a captura bem-sucedida, o fungo inicia a digestão usando filamentos chamados hifas. Os pesquisadores observaram um aumento significativo na atividade dos genes relacionados à produção de enzimas protease, essenciais para a digestão. Experimentos com inibidores de protease demonstraram a importância dessas enzimas na eficiência da digestão dos nematoides.

A pesquisa sobre os genes que transformam o Arthrobotrys oligospora de um fungo pacífico em um assassino carnívoro oferece percepções fascinantes sobre a adaptação e a evolução desses organismos. Compreender os intricados processos genéticos por trás do carnivorismo fúngico não apenas expande nosso conhecimento científico, mas também destaca a complexidade e engenhosidade da natureza.

Esse estudo pioneiro abre portas para futuras pesquisas sobre a interação entre fungos e seus ambientes, revelando os segredos genéticos por trás do comportamento predatório desses organismos aparentemente simples.

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