Artes/cultura
18/01/2024 às 03:00•2 min de leitura
Se tem uma certeza na vida, é essa: a de que todos nós, um dia, iremos morrer. Embora sempre temida, a morte é uma parte natural da existência na Terra, e abre caminho para que novas vidas possam surgir.
Entretanto, o fim da vida precisa significar também o fim dos corpos: ter cadáveres de espécies diversas espalhados por aí não seria nada vantajoso, já que isso levaria à propagação de doenças. Por isso, é de se comemorar que os organismos passem por um maravilhoso processo chamado de decomposição.
(Fonte: GettyImages)
O conceito do processo que leva ao fim do corpo, segundo o professor de ciência forense da Universidade de Kent, Devin Finaughty, pode ser chamado de "ecossistema de decomposição". Basicamente, ele envolve uma série de processos sofisticados que fazem um corpo tal como ele existe se tornar por fim um esqueleto.
Mas, para isso acontecer, vários tipos de tecidos precisam ser liquidados. Segundo Finaughty, a decomposição começa logo após a morte, mas "a morte não é um único momento. É uma cascata de reações e processos que acontecem ao longo do tempo", comenta.
Normalmente, o primeiro ato que acontece para a morte é a perda da consciência. Em seguida, vem a supressão da respiração e da frequência cardíaca. Pode acontecer também de a pessoa perder a consciência em decorrência desses dois processos, levando ao estado de morte clínica, em que o sujeito pode ainda ser trazido de volta.
Só que, quando o coração para de bombear, o oxigênio deixa de circular, fazendo com que as células fiquem com pouco recurso para produzir energia, conhecida como trifosfato de adenosina (ATP). Quando a célula fica sem oxigênio para produzir ATP, ela entra em respiração anaeróbica, o que gera ácido lático como subproduto, causando câimbras.
Em seguida, o mecanismo de transporte celular deixa de funcionar e já não há a troca com o ambiente extracelular. As células passam a deteriorar-se e perdem o lisossoma e as enzimas que estão dentro delas, começando o processo de necrose.
(Fonte: GettyImages)
Assim, as células começam a liberar toxinas ao ambiente externo a elas, danificando as células vizinhas. Gera-se, por consequência, um processo de "cascata" de morte celular. Isso se inicia nos tecidos com maior quantidade de água e oxigênio, com o cérebro, o estômago e os pulmões.
Até aqui, já se passaram cerca de quatro minutos. A partir de então, o coração para de bater. Se ele não for reanimado em quatro minutos, as células cerebrais começam a morrer, tornando o processo irreversível. Entra-se, assim, no estado de morte cerebral.
Mas mesmo que o controle neural seja perdido, o sistema nervoso continua trabalhando contra o desequilíbrio iminente. Do ponto de vista químico, é aqui que a morte se concretiza: o sistema imunológico para de funcionar e as bactérias do intestino se espalham, começando a consumir tudo.
Elas entram então na corrente sanguínea e se espalham pelo corpo. Os organismos começam a metabolizar os substratos do corpo, começando pelos açúcares, passando depois para as gorduras e carboidratos. É, finalmente, o início da decomposição, que gera subprodutos orgânicos que causam o chamado "cheiro de morte".