Artes/cultura
15/05/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 15/05/2024 às 10:00
Desde pequenos, somos instruídos a ter medo da morte. Isso envolve, aliás, um certo pavor sobre a ideia de entrar em contato com os corpos de pessoas mortas, os famosos cadáveres.
Por conta disso, a noção que temos deles acaba se relacionando àquilo que vemos na ficção. O problema é que isso faz com que muitos mitos – na maioria falsos – circulem entre nós como se fossem verdades. Mas o fato é que eles podem ser facilmente desmentidos com o apoio da ciência.
Esse é um mito ainda bem comum. Muita gente imagina que, depois de um tempo enterrado, os cabelos e as unhas de uma pessoa morta ainda continuam por um tempo em plena atividade. Acontece que isso simplesmente não é verdade.
A divisão celular que estimula o crescimento do cabelo e das unhas acaba com o falecimento, já que o coração não bombeia mais sangue para o sistema circulatório. Contudo, à medida que o corpo se desidrata, a pele se "retrai", o que dá um certo efeito como se as unhas estivessem ficando mais compridas.
O suposto crescimento do cabelo também se relaciona com o ressecamento da pele do rosto, o que também dá a impressão de crescimento da barba, no caso dos homens.
Não há muitas provas científicas que justifiquem a ideia de que um corpo em decomposição é prejudicial aos vivos apenas por estarem lá. Mas, ao longo da história, muitas vezes se acreditou que os cadáveres eram capazes de propagar doenças pelo ar.
Durante o século XIX, circulou uma crença entre a classe médica chamada teoria do miasma, que dizia que os cadáveres em decomposição geravam um ar nocivo aos vivos e que espalhava doenças graves. Mais adiante, essa concepção foi substituída pela teoria dos germes.
Chama-se de embalsamento uma técnica de preservação de cadáveres que ajuda a prevenir a putrefação. Muitas vezes, esse procedimento é vendido pelos agentes funerários como sendo obrigatório para um velório, pois só assim o corpo ficaria seguro para a visitação dos parentes. Mas isso não é verdade.
De acordo com a Funeral Consumer's Alliance (que é uma organização sem fins lucrativos focada em cuidados após a morte), “o embalsamamento não traz nenhum benefício à saúde pública”. E pode ocorrer exatamente o contrário: como alguns produtos químicos usados nesse processo são extremamente tóxicos, os profissionais que preparam os cadáveres podem sofrer danos se não se protegerem.
Os enterros com caixão costumam ocorrer, como se diz no popular, a sete palmos do solo (o que corresponde a cerca de 1,6 metro). Já os canais de água potável podem ser encontrados a partir de 22 metros de profundidade, mais ou menos.
Por isso, caso um corpo seja enterrado diretamente no solo, sem o uso de um caixão, ele não vai atingir as águas. “Recuos obrigatórios de fontes de água conhecidas também garantem que as águas superficiais não estejam em risco”, explica o Green Burial Council, que é uma organização voltada a ensinar sobre opções de enterros ecologicamente sustentáveis. Além disso, os microorganismos presentes no solo desintegrariam rapidamente o corpo.