Mistérios
28/04/2024 às 19:00•2 min de leituraAtualizado em 28/04/2024 às 19:00
O rápido processo de desenvolvimento que a China vivenciou nos últimos anos colocou o país em uma posição de destaque. Na década de 1980, a maioria da sua população era rural. Em 2023, além da proliferação de megacidades em seu território, vimos 65% da sua população total viver em áreas urbanas.
Com um processo de industrialização tardio, mas intenso, o país é um dos mais afetados pelas mudanças climáticas. Por outro lado, a China luta para ser referência na promoção de energias renováveis. Com a economia, sua evolução colocou o país na posição de segunda maior potência global, superando o Japão.
No entanto, alguns problemas surgiram como resultado desse crescimento e ameaçam a população chinesa de forma direta. Segundo um estudo, publicado na revista Science, o país está afundando e estima-se que muitas áreas urbanas deverão ficar abaixo do nível do mar até 2120. Isso impactaria a vida de pelo menos 200 milhões de pessoas.
O estudo tomou como base a análise de 82 cidades entre os anos de 2015 e 2022. Em 45% das porções estudadas, sinais de subsidência foram detectados, incluindo sua capital, Pequim, que apresenta uma taxa de 10mm por ano. O mesmo valor se aplica a 16% dessas áreas. Xangai, a maior cidade chinesa, e uma das mais populosas do planeta, já afundou três metros, segundo o levantamento realizado.
Da mesma forma, outras cidades costeiras também são ameaçadas por esse processo. Ou seja, na medida que apresentam menor altitude e são mais povoadas, ficam mais vulneráveis a esse risco. Com isso, a estrutura das residências e dos edifícios presentes nesses locais é ameaçada por diferentes fatores, como as inundações e a elevação do nível do mar.
Mas, além da concentração da população em uma determinada faixa territorial, as contínuas intervenções sobre a superfície contribuíram para esse processo de desgaste. O próprio excesso de veículos com carga presente nas vias gera vibração do solo em áreas mais sensíveis e contribui com o agravamento do problema.
A mineração e a exploração da água subterrânea também figuram como causas que favorecem tais efeitos sob a superfície. Em campos petrolíferos, não é diferente: Daqing, cidade que apresenta a maior base de produção do país, sofre com subsidências de 31 mm por ano. Mas como abrandar esse efeito? Essa é uma pergunta que a China do futuro precisa descobrir como responder.
Fato é que não é a primeira vez que o país lida com efeitos colaterais do seu processo de urbanização. A poluição do ar já atingiu níveis preocupantes em diversas cidades. O crescente uso de carros elétricos, que ganhou incentivo nos últimos anos, mostra parte do esforço do governo para mitigar esses efeitos. A maior frota desses veículos, inclusive, está na China.
A maior usina hidrelétrica do mundo, Três Gargantas, é chinesa. E ela também já foi associada à desaceleração da rotação da Terra, dando uma amostra perigosa da influência da ação do homem sobre o ambiente, sobretudo em empreendimentos tão ambiciosos. Tais questões não foram totalmente sanadas, mas exigem atenção constante. Com esse processo de subsidência, há um novo desafio a ser encarado.