Cachorros imaginam objetos de forma semelhante aos humanos, sugere estudo

Os cães possuem uma mente incrível, mas apesar deles demonstrarem uma grande capacidade de se expressar como sentem, bem como de analisar nosso comportamento e fala, a forma como eles processam as palavras que ouvem nunca foi esmiuçada em estudos — pelo menos não até agora.

Estudiosos se desbravaram nessa tarefa e puderam comprovar que os doguinhos realmente compreendem os significados que as palavras possuem. O estudo, publicado na Current Biology no último dia 22, mostra mais detalhes do padrão de atividade neural dos cães, que foi observado em diferentes cenários.

Analisando o pensamento dos cães

Em um experimento inédito, os estudiosos analisaram a atividade neural dos cachorros. O único critério adotado na seleção foi a confirmação de que o animal era capaz de compreender três palavras de forma objetiva. A princípio, 27 cães foram recrutados, mas como alguns ficaram mais inquietos, impedindo que os dados fossem coletados de forma precisa, apenas 18 participaram das últimas etapas.

Os tutores dos peludos estavam presentes e alguns brinquedos apreciados pelos doguinhos também foram expostos durante a condução do estudo. O experimento foi interessante considerando que independentemente da raça, os animais tinham o mesmo tipo de percepção.

Em um ambiente preparado para recebê-los, gravações de comandos variados tocaram. Os áudios chamavam a atenção para os objetos dos cães, como: "olhe a bola". Em seguida, eles viam o seu tutor através de uma janela eletrônica. E depois de um breve intervalo, por fim, observavam o tutor segurando o objeto mencionado. Mas não foi só isso.

Identificando diferentes padrões

Para pôr à prova essa associação, assim como já foi observado com crianças, os testes consistiam em deixar o animal ouvir o nome de um determinado objeto, conforme já abordamos. Mas em alguns momentos, também era mostrado um item divergente daquele que foi anunciado — tudo isso para analisar como o cão reagia diante dessa falta de correspondência.

Como toda palavra evoca uma memória, os resultados obtidos foram interessantes. Graças a essa técnica não invasiva, foi possível ver como, assim como nós humanos emitimos um impulso elétrico que varia se a palavra corresponde à imagem observada ou não, os cães tiveram uma resposta semelhante conforme a situação apresentada.

Quando havia divergência, era detectado um pico de sinal significativo que variava entre 200 e 600 milissegundos, indicando que os animais estavam surpresos. Com base nos dois padrões observados, os pesquisadores chegaram à conclusão que a resposta cerebral mais expressiva foi detectada justamente nesse tipo de cenário, de falta de correspondência.

Ou seja, o estudo conseguiu fornecer novas pistas de que os cães também possuem representações mentais dos diferentes objetos, ou seja, processam as palavras de forma semelhante aos humanos.