
Estilo de vida
29/06/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 11:01
Os pandas sempre foram figuras encantadoras no mundo animal, mas quando pensamos neles, a imagem que vem à mente é a de um urso fofinho com pelagem preta e branca. No entanto, nas montanhas Qinling, na província de Shaanxi, na China, vive uma subespécie rara que foge a esse padrão: o panda-qinling (Ailuropoda melanoleuca qinlingensis).
Essa espécie se destaca por ter suas manchas marrons, fato que tem deixado os cientistas intrigados há décadas. Mas, recentemente, um estudo publicado na PNAS em 2024 trouxe à tona descobertas genéticas fascinantes que explicam essa coloração única.
Os pandas-qinling foram oficialmente reconhecidos como uma subespécie distinta em 2005, apesar de terem sido descobertos na década de 1960. Eles habitam exclusivamente as montanhas Qinling, a uma altitude de 1.300 a 3.300 metros.
Menores do que os pandas-gigantes tradicionais, os qinling possuem características morfológicas únicas: um crânio mais compacto e uma coloração que varia entre marrom escuro e marrom claro. A maioria dos pandas-qinling tem manchas marrons sob os olhos, em contraste com os pandas-gigantes de Sichuan, que possuem manchas ao redor dos olhos.
A coloração marrom nos pandas-qinling despertou o interesse dos cientistas, especialmente porque somente uma dúzia de exemplares da espécie (aproximadamente) foram documentados até hoje, mostrando que esse padrão de cor é incrivelmente raro e só acontece nessa região.
O primeiro panda-qinling marrom, uma fêmea chamada Dandan, foi descoberto em 1985, iniciando a investigação sobre essa variação de cor. Até 2024, muitos atribuíram a coloração marrom à endogamia (quando o acasalamento ocorre entre parentes com genética equivalente) devido ao isolamento geográfico. No entanto, pesquisas recentes indicam que a causa é mais complexa e intrigante.
Os cientistas sequenciaram o genoma de Qi Zai, um panda marrom capturado na natureza em 2009, junto com sua mãe, uma panda de cor preta e branca. Ao analisarem os genomas de 35 pandas-gigantes, incluindo dois marrons, os pesquisadores identificaram uma mutação específica no gene Bace2, que está relacionado à pigmentação.
Intrigantemente, embora Qi Zai tenha pelagem marrom, sua mãe não a possui, o que leva os pesquisadores a concluírem que a coloração marrom é resultante de um gene recessivo.
Para um panda-qinling nascer com pelagem marrom, ambos os pais precisam carregar essa mutação genética recessiva, mesmo que eles próprios tenham pelagem preta e branca. Essa combinação genética rara explica por que tão poucos pandas-qinling exibem essa coloração.
Para confirmar que a mutação no gene Bace2 era a responsável pela coloração, cientistas usaram CRISPR-Cas9 (uma ferramenta de edição genética) em camundongos, deletando o mesmo segmento de DNA e obtendo mudanças de pigmentação semelhantes às dos pandas-qinling. Isso comprovou que a ausência dessa sequência no gene Bace2 causa a coloração marrom.
Além da genética, o isolamento geográfico das montanhas Qinling, onde vivem entre 200 e 300 pandas-qinling, tem mantido a mutação rara. O problema é que essa endogamia reduz a variabilidade genética, tornando a subespécie mais vulnerável a doenças e ameaças ambientais.
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