O que acontece com o nosso corpo após 7 dias em jejum?

16/03/2024 às 14:002 min de leituraAtualizado em 16/03/2024 às 14:00

Ficar sem se alimentar por um único dia já parece terrível, mas, e por sete? Sabemos que a sobrevivência nessa condição, muitas vezes por mais de uma semana, fez parte da evolução humana ao longo da história, e infelizmente ainda hoje prejudica severamente populações afetadas por guerras e pela pobreza extrema.

Mas, para quem se pergunta como o corpo é capaz de suportar tanto tempo em jejum e quais efeitos podem ser percebidos, pesquisadores do Queen Mary’s Precision Healthcare University Research Institute e do Norwegian School of Sports Sciences conduziram um experimento em um grupo de participantes.

Por mais que essa redução brusca na alimentação possibilite uma rápida perda de peso, ela oferece riscos ao organismo, riscos estes que se agravam à medida que os dias passam. Partindo dessa constatação, o experimento ofereceu outras perspectivas envolvendo a adoção do jejum intermitente.

Efeitos do jejum prolongado observados a nível molecular

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
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Durante sete dias, 12 voluntários foram analisados enquanto ingeriram apenas água, mostrando como o nosso organismo atua promovendo algumas adaptações durante o jejum. Mas elas não foram tão nítidas a princípio, começando pelo fato que apenas depois de três dias houve alterações significativas nos níveis de proteínas do corpo, que somam mais de três mil.

Um efeito já bastante conhecido também aconteceu: já nos dois primeiros dias sem alimentos, o corpo trocou a fonte de energia, deixando de utilizar a glicose e fazendo uso das reservas de gordura armazenadas. Assim, as pessoas acabaram perdendo muito peso: em média, 5,7kg — algo que não mudou mesmo após eles voltarem a se alimentar normalmente depois dos sete dias.

Enquanto a massa magra (tecido muscular) foi rapidamente reposta, a massa gorda (tecido adiposo) se manteve em níveis baixos. Ainda segundo o estudo, publicado na Nature Metabolism, uma em cada três proteínas sofreu alterações, o que dá uma visão de como foi possível observar esses efeitos ao nível molecular.

Associação entre o jejum prolongado e o desenvolvido de doenças

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
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Como resultado disso, pesquisadores notaram a redução dos níveis plasmáticos de uma proteína associada à artrite reumatóide (SWAP70). Curiosamente, é justamente essa diminuição que contribui com uma menor ocorrência dos episódios de dor, sugerindo como o jejum intermitente pode ser benéfico para os portadores dessa condição.

Outro benefício foi percebido: a proteína 1 regulada por hipóxia (HYOU1) também apresentou redução dos seus níveis, o que, na prática, significa um menor risco de desenvolver doença arterial coronariana para os participantes.

Mas, naturalmente, permanecer tanto tempo sem se alimentar oferece riscos que não podem ser ignorados. Como exemplo disso, a coagulação dos voluntários aumentou, o que contribui com um maior risco de desenvolver trombose. E se fosse mantido, esse jejum resultaria em uma rápida deterioração do organismo.

Conclusões do estudo

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
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Por outro lado, o estudo fornece evidências de que a adoção do jejum intermitente, praticada com a devida orientação de um médico especializado, somada a uma dieta saudável, pode contribuir com uma melhor qualidade de vida.

Claudia Langenberg, que é diretora do Precision Health University Research Institute, abordou essa possibilidade: "Dietas populares que incorporam jejum – como o jejum intermitente – trazem benefícios à saúde que vão além da perda de peso."

"Os resultados fornecem evidências dos benefícios do jejum para a saúde além da perda de peso, mas estes só foram visíveis após três dias de restrição calórica total – mais tarde do que pensávamos anteriormente", completa Langenberg.

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