Artes/cultura
22/08/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 22/08/2024 às 10:00
A teoria de que a história da espécie humana teve origem na África tem uma base científica amplamente aceita, e tem sido sustentada principalmente por uma ampla coleção de evidências fósseis descoberta no chamado Sistema de Rifte da África Oriental (EARS na sigla em inglês).
Agora, pesquisadores da Universidade George Washington, nos EUA, estão questionando o fato de o sítio arqueológico, que foi a fonte da maior parte do registro fóssil de hominídeos primitivos, ocupar apenas uma fração minúscula, menos de 1% do continente africano.
Sua hipótese é que "o ramo oriental do EARS não é uma amostra ambientalmente representativa de toda a gama de espécies para quase todos os mamíferos existentes que vivem em riftes [fendas geológicas]", diz o estudo. Além de distorcer a compreensão da evolução como um todo, essa limitação tem que ser levada em consideração quando se trata de interpretar a história humana primitiva.
Para testar sua hipótese, os autores decidiram avaliar o tamanho do viés no registro fóssil. Para isso, o primeiro autor do estudo, W. Andrew Barr, e seu coautor Bernard Wood mediram a distribuição dos mamíferos que vivem atualmente no EARS.
Embora o local continue sendo considerado o berço da humanidade, ele não é o ambiente dominante ou típico para a maioria dos mamíferos de médio e grande porte. Na verdade, a representatividade do ambiente da falha geológica hoje é de apenas 1,6% em média do alcance geográfico total das espécies de mamíferos modernos, diz um release.
Para reforçar sua análise inicial, Barr e Wood fizeram uma comparação entre os crânios de primatas modernos do vale do rifte e os crânios dos mesmos primatas de outras partes da África. Eles descobriram que os crânios da fenda representavam menos de 50% da variação total entre os crânios de primatas na África.
Além de concluir que o EARS representa só uma pequena amostra de onde os humanos antigos provavelmente viveram, os autores reconhecem não ter "ideia de como os hominídeos que vivem no Vale do Rifte podem ter ser comparados aos de outras partes da África, cujos restos mortais não estão mais disponíveis para estudo".
Isso reforça a tese de que poucas espécies de mamíferos atuais são adaptadas ou dependentes do ambiente típico do Vale do Rifte. Ou seja, os primeiros hominídeos mais antigos, que podem ter sido os nossos ancestrais, não viveram restritos à fenda geológica, e provavelmente ocupavam uma área geográfica mais ampla.
A pesquisa foi publicada na revista Nature Ecology & Evolution.