"Pessoas de cabeça grande": os hominídeos que tinham cérebros maiores que o nosso

06/12/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 06/12/2024 às 12:00

Os paleoantropólogos Xiujie Wu e Christopher Bae propuseram recentemente um novo grupo de humanos antigos chamados Juluren, ou "pessoas de cabeça grande". O grupo teria vivido no leste da Ásia há mais de 100 mil anos, convivendo com o Homo sapiens, mas com cérebros consideravelmente maiores do que todos os hominídeos da época

Publicada na Nature Communications, a nova pesquisa surgiu de uma análise mais detalhada sobre diferentes tipos de espécies antigas semelhantes a humanos que coexistiram na região durante o final do Pleistoceno Médio e início do Pleistoceno Superior, um período entre 300 mil a 50 mil anos atrás.

Em estudos anteriores, cientistas atribuíram os fósseis de Juluren (Homo juluensis) aos denisovanos, um grupo de humanos antigos aparentados, porém diferente dos neandertais e dos humanos modernos, com quem chegaram a acasalar. Analisando mais de perto, Wu e Bae afirmam que algumas das características dos fósseis encontrados na China não podem ser atribuídas a humanos modernos, neandertais, denisovanos ou Homo erectus.

Uma árvore genealógica complicada

Táxons primários de hominídeos do Quaternário Tardio. (Fonte: Christopher J. Bae & eXiujie Wu, Nature Communications, 2024/Divulgação)
Táxons primários de hominídeos do Quaternário Tardio. (Fonte: Christopher J. Bae & eXiujie Wu, Nature Communications, 2024/Divulgação)

John Hawks, antropólogo que não participou da pesquisa, revisou o estudo de Bae e Wu, e o classificou em seu blog como "provocativo", pois contestava o método convencional de categorização dos remanescentes hominídeos chineses. Até agora, os exemplares fósseis que não se encaixavam em categorias conhecidas, eram agrupados de maneira imprecisa.

A compreensão científica sobre evolução humana passou por uma revolução nas duas últimas décadas. Antes bem definida, a árvore genealógica humana virou uma ramagem emaranhada, onde vão pipocando novas linhagens, como o Homo floresiensis em 2003, Homo luzonensis em 2007 e Homo longi em 2018.

Nesse "mato sem cachorro" (só faltava!), os fósseis de Juluren têm dentes parecidos com os do neandertais, mas alguns traços completamente diferentes de todos os outros hominídeos conhecidos. Essa diversidade vira as interpretações anteriores sobre evolução humana de cabeça para baixo, principalmente no leste asiático. 

Reorganizando a evolução humana

x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A evolução humana é um campo de estudo em constante transformação. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Como alguém que organiza um antigo álbum de fotos de família, Bae desenvolveu uma abordagem mais estruturada para analisar e classificar os fósseis humanos antigos no leste asiático. Em vez de simplesmente agrupar os achados genericamente, a equipe criou um sistema mais claro de classificação.

Na verdade, a proposta do H. juluensis não visa substituir categorias existentes, mas sim oferecer uma interpretação mais profunda das inúmeras linhagens de hominídeos que conviveram e provavelmente interagiram. Isso mostra que compreender a ancestralidade humana é um campo de estudo em constante evolução. 

Embora o seu projeto seja antigo, Bae reconhece que a equipe não esperava descobrir uma nova espécie de ancestral humano, muito menos conseguir organizar os fósseis de hominídeos da Ásia em grupos variados. "Em última análise, isso deve ajudar na comunicação científica", conclui.

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