Túpac Amaru II, o líder peruano que resistiu ao colonialismo espanhol

04/01/2023 às 12:002 min de leitura

Durante o final do século XVIII, o líder peruano Túpac Amaru II protagonizou uma das maiores resistências ao colonialismo espanhol já vistas na América Latina, em uma batalha sangrenta em que a honra e a descendência definitiva ao trono estavam em disputa. Considerado um mártir dos movimentos libertários, o comandante inspirou uma série de ações semelhantes no continente e decretou um legado marcado por promessas e luta pelos direitos humanos.

Nascido José Gabriel Condorcanqui, em 19 de março de 1738, Túpac Amaru II era filho de um kuraka em Surimana, no Peru, e foi educado pela magistratura inca responsável diretamente pelo contato com os espanhóis. Para isso, ele e sua família receberam educação em um privilegiado colégio jesuíta, obtendo domínio no idioma europeu e no quíchua, dialeto incomum para um nativo peruano.

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Sua alcunha foi adotada apenas ao assumir postura de liderança e serviu como homenagem à família, em forma de um ativismo revolucionário a favor da liberdade. 

Com o estabelecimento do Vice-Reino do Peru em 1572, a população indígena foi oprimida pelos sistemas de repartimiento e mita, respectivamente responsáveis pela compra forçada de produtos inflacionados e pela aplicação de condições de trabalho brutais no trabalho compulsório nas minas de Potosí. Assim, Amaru considerou esses serviços "deploráveis" e "excessivos", sendo algo pior do que a própria escravidão.

Porém, a distante monarquia espanhola não parecia estar satisfeita com a forte repressão do povo nativo e aumentou consideravelmente impostos e regulamentações alfandegárias por meio de reformas. Assim, a única solução foi a ascensão de um líder capaz de incitar uma grande manifestação, a fim de restaurar a honra perdida em duas rebeliões anteriores. Foi então que Túpac Amaru II foi visto pelo povo.

Os atos de um líder por excelência

(Fonte: johan10/Getty Images)(Fonte: johan10/Getty Images)

Em 4 de novembro de 1780, Amaru sequestrou o governador espanhol Antonio de Arriaga e o prendeu, sentenciando-o posteriormente à morte pelas mãos de seu próprio escravo. Após esse feito surpreendente, ele espalhou suas ideias pela região e conseguiu determinar a extinção de impostos, de leis colonialistas e do trabalho forçado em fábricas têxteis.

Além disso, circunstâncias obscuras resultaram na queima de locais sagrados, colocando muitos europeus contra os rebeldes. O líder inca orquestrou, como seu ato final, a retomada da antiga capital Cuzco e sitiou a cidade por quase um ano, mas a demora para tomar uma postura ofensiva foi algo determinante para seu maior insucesso.

Apesar de comandar uma aliança rebelde sem precedentes na história da tribo pré-colombiana, ele não encontrou forças suficientes para repelir as tropas da monarquia e abandonou o cerco. Moralmente derrotado, Túpac Amaru II foi perseguido incessantemente, em um conflito que repercutiu na destruição de mais colunas monarquistas.

Recuperando pontos cruciais, mesmo em desvantagem, o inca tornou-se superconfiante e subestimou seus inimigos. Em abril de 1781, Amaru foi enganado por um desertor e acabou sendo capturado nas imediações de Langui. Transportado para Cuzco, o corajoso nativo sofreu uma tortura inimaginável.

(Fonte: Helder Ribeiro/Flickr)(Fonte: Helder Ribeiro/Flickr)

Em um primeiro momento, ele foi forçado a assistir carrascos enforcarem sua esposa, filhos e altos tenentes. Em seguida, sua língua for cortada para abafar os gritos e seus braços e pernas foram acorrentados a cavalos para, em poucos instantes, serem arrancados do tronco.

Esse foi o início de um novo período de opressão contra os incas, onde representantes reais decretaram a proibição de roupas e religião tradicionais, de peças criticando o governo espanhol ou glorificando a tradição inca e de materiais literários com cunho rebelde.

Os sucessores de Túpac Amaru II tentaram combater seus opressores nos anos seguintes, mas todas as rebeliões fracassaram. Apesar disso, a história do líder inca segue como uma das mais importantes para a cultura local, contemplando um herói nacional que incentivou movimentos revolucionários e mostrou como é preciso unir o povo e debater ideais libertários para aterrorizar governos autoritários.

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