Ciência
13/08/2022 às 09:00•2 min de leitura
Há alguns anos, o SBT exibiu um reality show que foi um grande sucesso no Brasil: Supernanny. O programa, que é uma versão de um reality britânico exibido até hoje, impactou culturalmente nosso país pela popularização do cantinho da disciplina — também conhecido por "cantinho do castigo" ou "cantinho do pensamento".
Nessa abordagem, a criança birrenta é colocada em um local específico, não necessariamente um canto de um cômodo, para que ela reflita sobre os seus atos rebeldes ou incorretos. Ainda que chore, grite e esperneie, ela deve ficar nesse local até o fim do tempo pré-determinado — um minuto por cada ano da sua idade.
No entanto, especialistas estão debatendo a eficiência desse modo de castigo. Nesta matéria, entenderemos os prós e os contras do famoso cantinho do castigo.
(Fonte: FG Trade/Getty Images)
Um erro comum dos adultos é ignorar o fato de que as crianças não estão com seus cérebros totalmente formados. Exigir de uma criança a mesma racionalidade de um adulto é, portanto, um erro. A ideia do cantinho do pensamento é que os pequenos reflitam sobre como fazer birra é errado. Mas será que seus cérebros conseguem analisar a situação dessa forma?
O córtex pré-frontal é a área do cérebro responsável pela análise das emoções e pelo controle dos impulsos — e essa parte do cérebro humano está imatura na infância. Sob o ponto de vista fisiológico, a birra, ainda que desagradável, é uma forma desse cérebro imaturo reagir às frustrações — e, sejamos realistas, tem muito adulto com o cérebro formado que também não sabe lidar com seus sentimentos.
O córtex pré-frontal só estará totalmente maduro e desenvolvido após os 20 anos de idade e isso ajuda a explicar o comportamento dos adolescentes.
(Fonte: BrianAJackson/Getty Images)
Por outro lado, adotar o cantinho do pensamento como uma estratégia para lidar com a birra infantil pode ser útil e ajuda a reduzir a violência contra as crianças.
Não são raros os casos em que os pais perdem o controle e recorrem aos castigos físicos na tentativa de controlar o comportamento dos filhos. Os "tapinhas" podem traumatizar as crianças, fazendo com que elas associem os pais a figuras violentas ou que compreendam que, em alguns casos, elas devem ser agredidas, merecendo esse tipo de punição.
Usar agressão como medida corretiva é desproporcional a qualquer birra e pode fazer com que as crianças fiquem com medo e se distanciem dos pais. Nesse sentido, o cantinho do pensamento pode ser uma ferramenta alternativa para uma boa relação entre pais e filhos — ainda que exigir que uma criança reflita sobre o seu comportamento seja demais para a sua mente em formação.
O mais importante é tentar ensinar as crianças a entenderem suas emoções. Tudo bem estar frustrado porque não ganhou um brinquedo, mas se deitar e chorar na loja não é a forma correta de lidar com isso. A disciplina, com horários estabelecidos para refeições, brincadeiras e tarefas, também é importante, pois a criança não tem como decidir sua rotina por si.