Ciência
17/04/2017 às 02:00•5 min de leitura
O Círculo Polar Ártico, como você deve se recordar das aulas de geografia, é uma linha imaginária que circunda a região localizada no extremo norte do globo terrestre. Essa linha compreende partes do Canadá, dos EUA, Rússia, Groelândia, Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia, assim como o Oceano Ártico, e marca a latitude 66° 32” N — a partir da qual o Sol não nasce durante o solstício de inverno e não se põe durante o solstício de verão.
Essa linha imaginária também delimita um território pouco habitado e considerado inóspito por boa parte dos humanos, sem falar que existem vários mistérios históricos e científicos sobre essa intrigante região da Terra. Quer conhecer alguns deles? Confira cinco enigmas envolvendo o Círculo Polar Ártico — selecionados a partir de um artigo de David Tormsen, do portal ListVerse — a seguir:
Não pense você que são apenas os escoceses que “têm” um monstrinho — o icônico Monstro do Lago Ness — escondido em suas paragens! A turminha do Alasca também conta com uma criatura misteriosa que supostamente habitaria as profundezas do Lago Iliamna, localizado entre a Baía Kvichak e a Enseada de Cook.
Inúmeros relatos de pilotos que teriam avistado criaturas monstruosas enquanto sobrevoavam a região foram registrados a partir dos anos 40, e dizem que os Aleut costumavam evitar pescar no lago por acreditar que se tratava de um local perigoso.
Uma das teorias é que o Iliamna seja o lar de um cardume de esturjões brancos (Acipenser transmontanus), que são peixes cobertos por placas ósseas em vez de escamas e que podem chegar a medir quase 6 metros de comprimento. Outra possiblidade é a de que o monstro seja, na verdade, composto por populações de tubarões-dorminhocos-do-pacífico (Somniosus pacificus), que também podem medir 6 metros de uma extremidade a outra.
A explicação, nesses casos, seria que, como — além do suposto monstro — o Lago Iliamna possui uma grande abundância de salmões e outros peixes em suas águas, espécies maiores teriam uma farta quantidade de comida com a qual se alimentar. Por outro lado, os cientistas ainda não conseguiram encontrar evidências de que tanto os esturjões como os tubarões realmente habitam o local, e as lendas sobre a criatura misteriosa persistem.
Quando pensamos nos habitantes do Círculo Polar Ártico, logo nos vêm à mente os esquimós. No entanto, antes deles, as regiões norte do Canadá e da Groelândia foram colonizadas por povos que chegaram à área há cerca de 4 mil anos — e que acabaram desenvolvendo o que os arqueólogos chamam de Cultura Dorset.
Essa cultura surgiu cerca do ano de 500 a.C., mas sofreu um forte declínio e desapareceu sem deixar muitos vestígios por volta do ano de 1500. Os cientistas que estudam os Dorset acreditam que uma das causas de sua extinção possa ter sido a prática da endogamia — ou seja, o acasalamento entre pessoas com o mesmo parentesco —, resultante de seu isolamento do resto do mundo.
Além disso, os pesquisadores ainda especulam que mudanças climáticas possam ter afetado a disponibilidade de alimentos. Ou, ainda, que a chegada de povos mais tecnologicamente avançados à região possa ter gerado conflitos que acabaram levando à extinção dos integrantes da Cultura Dorset.
Talvez você não saiba, mas, surpreendentemente, em 1978, um antigo assentamento de origem viking foi descoberto em L'Anse aux Meadows, no Canadá. Pois, desde então, arqueólogos vêm passando o pente fino por toda a costa leste da América do Norte em busca de mais evidências da presença de povos nórdicos no “novo mundo”.
Graças à descoberta de L'Anse aux Meadows, pesquisadores conseguiram associar a existência de um recipiente de pedra — provavelmente utilizado para fundir bronze — encontrado nos anos 60 em um sítio arqueológico da cultura Dorset com os vikings. Além disso, análises conduzidas em fragmentos de tecido coletados na Ilha de Baffin no final da década de 90 apontaram que o material era idêntico ao produzido pelos nórdicos que habitavam a Groelândia no século 15.
Em 2012, uma equipe se deparou com alguns artefatos bem intrigantes também na Ilha de Baffin, localizada no Círculo Polar Ártico. Os arqueólogos encontraram pedras utilizadas para amolar metais com ranhuras que continham vestígios de uma liga de cobre, possivelmente bronze — e esses tipos de ferramenta e material não eram conhecidos pelos povos inuítes que habitavam a região, mas largamente utilizados pelos ferreiros vikings.
Ademais, ao contrário do que os pesquisadores poderiam deduzir no caso dos fragmentos de tecido — que esses materiais poderiam ser vestígios de operações mercantis entre os nórdicos e os inuítes —, as ferramentas empregadas para a produção de peças metálicas indicam que os vikings chegaram a criar assentamentos no continente americano.
Você algum dia imaginaria que um antigo cemitério pudesse ser descoberto no território siberiano do Ártico? Pois, em 2014, um time de arqueólogos encontrou 34 sepulturas nessa isolada região, sugerindo que a área não era tão inóspita no passado como é atualmente e que ela serviu como um importante ponto de comércio entre os séculos 12 e 13. O que ninguém sabe é quem usava essa rota para realizar operações mercantis.
Entre os restos mortais, os cientistas encontraram 11 indivíduos — entre os quais estavam os corpos mumificados de cinco homens, uma menina e três bebês. Os cadáveres foram enterrados próximo ao vilarejo de Zeleniy Yar e as múmias foram embaladas em pele de castor, urso, rena ou glutão e placas de cobre.
Os arqueólogos ainda encontraram diversos itens nas sepulturas, como uma machadinha de ferro, uma fivela de bronze com o desenho de um urso, uma faca de combate feita de ferro, um medalhão de prata, um pequeno pássaro de bronze e várias tigelas desse material originárias da Pérsia.
No caso dos bebês, as múmias contavam com máscaras de cobre, e todos os corpos estavam posicionados em direção ao rio Gorny Poluy — o que os cientistas suspeitam ter algum significado religioso.
Em meados do ano passado, mais um cadáver foi descoberto na necrópole, desta vez o de um menino entre 6 ou 7 anos de idade sepultado em uma espécie de casulo de madeira acompanhado por uma machadinha, diversos anéis de metal e um pendente em forma de urso.
Curiosamente, os arqueólogos acreditam que a mumificação foi acidental, possivelmente provocada por uma combinação de fatores, como a ação do cobre, as condições do solo da região — que é arenoso — e por uma queda de temperatura que afetou a área no século 14. Os trabalhos em Zeleniy Yar continuam, e os cientistas esperam descobrir a origem dos misteriosos corpos sepultados na necrópole.
As auroras boreais, como você sabe, são fenômenos ópticos deslumbrantes provocados pela interação entre as partículas energéticas oriundas do Sol e a magnetosfera da Terra. O que você talvez não saiba é que, além de ópticos, esses eventos também podem ser sonoros!
Algumas pessoas que já tiveram a sorte de testemunhar uma aurora boreal contam que, em determinadas condições, é possível escutar ruídos parecidos com a estática emitida pelo rádio ou com o de papel celofane sendo amassado. Segundo os inuítes que habitavam a região de Labrador, no Canadá, as auroras eram formadas pelas almas daqueles que cometiam suicídio ou morriam violentamente.
De acordo com a lenda, esses espíritos, após partirem, se reuniam em uma abertura no céu e criavam luzes para guiar as pessoas que acabavam de morrer — emitindo sons semelhantes a palmas para se comunicar com os vivos. Apesar de muitos cientistas afirmarem que o fenômeno ocorre a distâncias que impossibilitariam que qualquer som fosse percebido aqui na superfície do planeta, pesquisadores finlandeses resolveram investigar o mistério.
Os cientistas descobriram que, além de os sons serem reais, ao contrário do que se pensava, eles ocorrem a meros 70 metros da superfície, e não em grandes altitudes. Os pesquisadores ainda não sabem quais são os mecanismos envolvidos no fenômeno sonoro, mas explicaram que eles podem variar — soando como palmas, estalidos e pequenas explosões —, suspeitando-se que os ruídos sejam provocados pelas mesmas partículas que desencadeiam as auroras boreais.
*Publicado em 04/01/2016
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