Artes/cultura
10/10/2022 às 12:30•2 min de leitura
Não há nada na legislação brasileira que tipifique o canibalismo como um crime. Logo, comer carne por si só não é algo que fará você ir para a prisão. Um exemplo disso é o caso dos catadores de lixo que consumiram partes de corpos humanos removidos durante cirurgias e que foram descartados no lixo hospitalar durante a década de 1980/90.
No entanto, muitas dessas pessoas também são responsáveis por matar suas "presas". Logo, se um canibal mata a vítima, ele está cometendo um homicídio e assim pode ser julgado. Porém, esse não é o único problema do ato de canibalismo. De acordo com pesquisadores, consumir carne humana pode trazer alguns malefícios para a nossa saúde. Entenda!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nas terras isoladas de Papua Nova Guiné, uma tribo chamada Fore permaneceu sem contato do mundo exterior até a década de 1930 e só passaram a ser estudados em 1950. Quando os pesquisadores chegaram naquele local, descobriram que os habitantes daquela região estavam sofrendo de uma epidemia chamada "morte risonha", a qual matava principalmente mulheres e crianças pequenas.
O motivo do alto nível de doentes? O consumo de carne humana. Conforme divulgado pela imprensa tempos depois, os Fore comiam os mortos da tribo em vez de enterrá-los para que os cadáveres fossem protegidos de vermes e larvas. E quem deveria "saborear" esse banquete era a mulher amada, quem tinha a capacidade de domar o espírito do morto de acordo com a lenda local.
Assim, as mulheres passaram a cozinhar os miolos de seus falecidos maridos e assar seus corpos, levando guloseimas para seus filhos pequenos. Foi assim que surgiu a doença chamada "kuru", responsável por fazer com que os doentes perdessem o controle de seus corpos e emoções. Eventualmente, esses enfermos faleciam também.
(Fonte: Pixabay)
Para entender o porquê do canibalismo ser tão perigoso para os seres humanos, é preciso analisar de perto o que aconteceu em Papua-Nova Guiné. Segundo os pesquisadores que observaram o caso dos Fore, a doença "kuru" não era um vírus ou uma bactéria viva desconhecida pela ciência.
Em vez disso, o processo realizado pelo corpo humano durante a ingestão da carne humana foi parecida com a transformação de Dr. Jekyll em Mr. Hyde. Isso significa que uma proteína adulterada passou a enganar as outras proteínas presentes no cérebro do canibal, causando danos no cerebelo definitivamente.
Além disso, o canibalismo é uma prática que facilita o surgimento de doenças específicas para humanos. Uma doença que afeta uma galinha dificilmente será boa o suficiente para infectar um humano — por isso comer carne de outras espécies não é um problema. Porém, se ingerirmos a carne de outra pessoa portadora de uma doença, invariavelmente estaríamos em apuros.
Tendo essas informações em mente, o povo Fore parou de comer seus mortos há meio século, mas a epidemia continuou durando anos, sendo a última vítima de "kuru" constatada em 2009.