Ciência
01/06/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 01/06/2024 às 10:00
A vacina é uma das criações mais importantes da história da humanidade. Ela já erradicou doenças e é uma das maneiras mais eficientes e baratas de controlar epidemias. Sua origem está no final do século XVIII, mas existem registros que indicam que métodos semelhantes já eram utilizados há muito mais tempo.
Em 1974, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o Programa Ampliado de Imunização. Seu objetivo era vacinar crianças contra difteria, tétano, coqueluche, sarampo, poliomielite, tuberculose e varíola até 1990. O programa foi atualizado posteriormente, para incluir outras doenças e ampliar a faixa etária da população alvo.
Agora, meio século depois da sua origem, a OMS fez uma pesquisa para medir os efeitos do programa. Abaixo, você confere quatro dados que reforçam a importância da vacinação.
O primeiro dado — e mais importante — obtido pelo estudo foi que ao menos 154 milhões de vidas foram salvas nos últimos 50 anos, graças às vacinas. O levantamento foi feito para 14 doenças diferentes, das quais a vacinação contra o sarampo foi a que mais contribuiu (com cerca de 93, 7 milhões de vidas salvas). Isso acontece porque o sarampo é uma doença que se espalha com muita facilidade — em média, uma pessoa pode contaminar até outras 18.
Para chegar a estes resultados, os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos e estatísticos que incluíram dados de cobertura vacinal e números populacionais de 194 países entre os anos de 1974 e 2024.
Outro aspecto que o estudo destaca diz respeito à importância da vacinação infantil. Desde 1974, as taxas de mortalidade de crianças antes do primeiro aniversário diminuíram para mais da metade. O estudo indica que quase 40% dessa redução se deve às vacinas.
E existem motivos para acreditar que o número pode ser ainda mais otimista, uma vez que nem todas as doenças foram incluídas no estudo. Um exemplo é a varíola, erradicada em 1980 — por isso foi excluída da pesquisa — e apresentava um índice de fatalidade de aproximadamente 30% dos infectados.
Entre os impactos indiretos da vacinação — aqueles que não envolvem a prevenção das doenças —, o maior destaque está para o aumento na expectativa de vida das pessoas vacinadas.
O estudo verificou que para cada vida salva, foram ganhos em média 58 anos de vida. Além disso, foi verificado que, atualmente, crianças com 10 anos têm aproximadamente 44% mais probabilidades de sobreviver até ao próximo aniversário do que se não tivessem ocorrido vacinações desde 1974.
Para indivíduos com 25 anos, essa chance é de 35%, enquanto para quem tem 50 anos as chances de sobrevivência são de 16% (os números aqui reduzem conforme a idade, porque pessoas mais velhas estão mais suscetíveis a morrer por outros motivos).
Finalmente, o estudo também aponta um aumento na qualidade de vida das pessoas vacinadas. Foi estimado que para cada vida salva, houve um aumento de 66 anos de saúde plena. O tempo de saúde plena é medido pelo total de anos de vida ganhos, ajustados pelas incapacidades evitadas.
Como a vacinação é um método preventivo, ao evitar a contaminação, também evita-se a manifestação da doença e, consequentemente, os seus sintomas. Isso significa que, além de aumentar a expectativa de vida das pessoas, as vacinas também oferecem uma maior qualidade de vida.