Artes/cultura
11/12/2019 às 16:00•2 min de leitura
Um curioso território, localizado no rio Bidaso a 50 metros de ambas as margens, vem chamando a atenção de visitantes, nativos e das autoridades locais. A Ilha dos Faisões, como é conhecida, ocupa um trecho fluvial entre Irún, na Espanha, e Hendaya, na França, e sua administração é revezada entre os dois países, estando sob jurisdição dos franceses de julho a janeiro e dos espanhois de janeiro a julho.
A pequena parte de terra se destaca por não ser habitada, nem ter quaisquer tipos de infraestrutura ou construções. Ocupando cerca de 8.000 m², com 215 metros de comprimento e 38m de largura, a ilhota não propõe nenhum tipo de vantagem estratégica para os países. Sua dupla jurisdição, chamada "Condomínio", data de séculos atrás e seu território era bem menor durante o século XIX, na assinatura do Tratado de Baiona, com cerca de 65% do local subergido, evento mais trágico da história da ilha. Com o passar das décadas, os administradores foram adquirindo recursos e condições para emerger novamente a terra, fazendo com que retornasse para suas condições originais.
“Ela exige poucos cuidados”, afirma o comandante espanhol Rafael Prieto, encarregado da sua administração até o final de julho, quando se encerra o "período espanhol". “As pessoas são muito respeitosas, ninguém penetra, apesar de às vezes a maré estar tão baixa que se pode passar quase andando. Nós entramos a cada cinco dias para fazer reconhecimentos visuais”, conclui.
Historicamente, a Ilha dos Faisões foi palco de grandes eventos relevantes para a construção cultural e sociopolítica do oeste europeu. No século XVII, foi o local que permitiu a assinatura do Tratado de Paz dos Pirineus, responsável por encerrar boa parte dos conflitos da Guerra dos 30 Anos. Além disso, a ilha foi plano de fundo para o casamento do rei Luís XIV, o Rei Sol, um dos nomes mais importantes do Antigo Regime europeu.
Atualmente proibida para visitações, é possível ver a ilha de perto durante todo o ano. O mais curioso foi observado pelo autor Victor Hugo, de Os Miseráveis, durante visita no século XIX, que afirmou ser possível ver "no máximo uma vaca e três patos, sem dúvida figurantes alugados para fazerem o papel de faisões para os visitantes”, ou seja, não há faisões na ilhota.