Ciência
02/04/2021 às 08:00•2 min de leitura
Entre os séculos XVI e XIX, os tribunais inquisidores de Salem, em Massachusetts, EUA, foram responsáveis por condenar centenas de mulheres acusadas de bruxaria, resultando em execuções em praça pública com o intuito de propagar a caça a ideais considerados heréticos ou pagãos. Porém, a cidade norte-americana não possui dívida histórica apenas com mulheres e famílias, mas também com os tomates, que curiosamente foram processados na mesma época em sua cidade-irmã.
Por mais de 300 anos, as frutas vermelhas suculentas foram associadas a maldições e toxicidade, especialmente quando moradores do Condado de Salem, em Nova Jérsei, descobriram suas origens, que remontavam a antigas civilizações pré-colombianas. As suspeitas, então, geraram uma crise não somente no mercado norte-americano, mas também no inglês, que passaram a evitar o consumo dos alimentos.
Os rumores começaram a se espalhar por um empregado da companhia Barber-Surgeon chamado John Gerard, um dos primeiros cultivadores da fruta no território. Segundo o horticultor, os tomates eram venenosos por conterem um baixo nível de tomatina, um glicoalcaloide com propriedades fungicidas, antimicrobianas e inseticidas, e podiam até mesmo levar à morte a quem se alimentar com pequenas quantidades.
(Fonte: Histoire & Anecdotes Croustillantes - Facebook / Reprodução)
Com a declaração e sua consequente repercussão, foi instaurado oficialmente, em 28 de junho de 1820, o Julgamento do Tomate de Salem, que visou processar a fruta por suas características que a tornavam aparentemente impróprias para o consumo humano.
O coronel Robert Gibbon Johnson foi o primeiro a se manifestar contra a inquisição, e surgiu como o grande — e único — advogado do tomate. Sentindo que a decisão sobre os efeitos do consumo da fruta poderia impactar seus negócios, especialmente por estar no auge da safra de tomate, o fazendeiro decidiu enfrentar publicamente os juízes, assustando toda a população ao anunciar que iria comer uma cesta cheia de tomates.
Determinado, o homem comeu sem parar, sem sequer observar as caras de espanto de quem estava assistindo à cena. Sua sobrevivência ao final do processo acabou convencendo todas as pessoas que estavam próximas, e a crença sobre a periculosidade do tomate acabou sendo desfeita ali mesmo, fazendo com que a fruta rapidamente se popularizasse não somente entre ingleses e americanos, mas em todo o planeta.