Ciência
07/04/2021 às 13:00•2 min de leitura
Só em 2019, aproximadamente 1,6 milhões de visitantes de várias partes do mundo foram até a planície de Salisbury, na Inglaterra, para contemplar os misteriosos megalitos de quase 5 metros de altura e 25 toneladas que compõem o Stonehenge. Construído há cerca de 5 mil anos, atualmente ele possui um valor inestimável para a humanidade e propriedade do Patrimônio Mundial da UNESCO.
Contudo, no século passado, essa maravilha do mundo pré-histórico chegou a ser vendida em um simples leilão.
Edmund Antrobus. (Fonte: Art UK/Reprodução)
Ao longo dos séculos, o Stonehenge sempre foi tratado como uma bolinha de ping e pong, indo de um lado para o outro da história como se não passasse de um souvenir, devido à falta de seu reconhecimento histórico naquela época.
Por volta de 1540, o monumento pertencia ao rei Henrique VIII desde que ele o confiscou da posse de uma abadia beneditina, onde atraía visitantes curiosos há anos. No século XIX, os caçadores de tesouros da humanidade regularmente removiam lascas dos blocos de pedras antigos e gravavam seus nomes na superfície com seus cinzéis.
(Fonte: The Times/Reprodução)
Em 1800, a família Antrobus Baronetcy comprou o Stonehenge e 100 anos depois o local foi cercado após uma das pedras verticais desabar com a quantidade de depredação e roubos. A partir desse momento, a família começou a cobrar pela visitação e iniciou um processo de preservação das pedras.
Em outubro de 1914, um ano depois que religiosos celtas lançaram uma espécie de maldição sobre a família Antrobus por não permitirem que fossem celebrados os rituais anuais do Solstício, Edmund Antrobus (o único herdeiro da fortuna da família) morreu na Frente Ocidental, no início da Primeira Guerra Mundial. Cerca de 4 meses depois, o velho Antrobus faleceu aos 67 anos e sua esposa colocou à venda sua propriedade na Abadia de Amesbury, incluindo o magnífico Stonehenge.
(Fonte: History Extra/Reprodução)
Nascido em Shrewton, uma vila a quase 5 quilômetros a Oeste das planícies de Salisbury, na Inglaterra, Cecil Chubb era um premiado e renomado mestre em Artes e bacharel em Direito, que cresceu à sombra do Stonehenge. Portanto, não foi muito difícil encontrar um comprador quando o leilão começou em 21 de setembro de 1915.
Chubb arrematou os 30 acres de terra onde estava o monumento por uma quantia de 6.600 libras, o equivalente a 532 mil libras atuais, e cerca de R$ 4 milhões. Antes mesmo de a papelada ser assinada, o homem já sabia qual seria o destino do Stonehenge: ele seria dado como presente a sua esposa.
Cecil Chubb. (Fonte: Business Insider/Reprodução)
No entanto, por incrível que pareça, a mulher simplesmente não gostou do que recebeu e se desfez do monumento, alegando que Chubb poderia fazer o que bem quisesse com ele. Foi por esse fato que o homem decidiu doar o monumento ao governo britânico como parte do patrimônio da humanidade em outubro de 1919. E como agradecimento pelo "presente", Cecil Chubb recebeu o título de Primeiro Baronete de Stonehenge.
Naquele mesmo ano, o Stonehenge passou por uma extensa renovação, que incluiu endireitar algumas pedras e realocá-las no concreto ao seu redor. Quase 1 século depois, esse trabalho ainda é feito gradualmente, a fim de devolver às pedras sua aparência antiga.
O homem morreu em 22 de setembro de 1934, aos 58 anos, esperando que sua contribuição pudesse fazer as pessoas respirarem um pouco da própria história através dos ares que atravessam as pedras, e tentar enxergar como era o nascer e o pôr do sol da antiguidade.