Trens-ambulância foram uma revolução na Primeira Guerra Mundial

02/08/2021 às 08:002 min de leitura

Um pouco antes de a Primeira Guerra Mundial ser declarada na Europa, o governo britânico já vinha preparando secretamente a logística dos feridos e vítimas massivas que o conflito causaria.

Então, eles reuniram os gerentes das maiores ferrovias da Grã-Bretanha para projetarem os denominados "trens-ambulância", que já haviam sido usados no século XIX durante a Guerra da Crimeia, a Guerra Civil Americana e na Guerra dos Bôeres.

As instalações de hospitais foram adaptadas para caberem em um comboio de 500 metros, com enfermarias, farmácias, salas de cirurgia de emergência, cozinhas e acomodações de funcionários.

Os moldes do projeto foram enviados para todos os engenheiros responsáveis por cada linha férrea do país, que trabalhou dia e noite para construir os trens. Quando a guerra começou, em 4 de agosto de 1914, a indústria ferroviária já estava pronta.

Salvação ao longo dos trilhos

(Fonte: Science Museum Group/Reprodução)(Fonte: Science Museum Group/Reprodução)

Nos primeiros dias da guerra, as vítimas que voltaram para a Grã-Bretanha foram levadas pelo trem-ambulância de Southampton para o hospital militar próximo de Netley. No entanto, conforme as vítimas foram aumentando exponencialmente, em um dos conflitos com maior índice de mortes diretas (cerca de 20 milhões no total), elas eram encaminhadas para hospitais de campanha e outras instituições de cuidados recém-inauguradas por todo o país.

Apesar de estarem sob a vigilância de médicos e enfermeiros com grandes chances de sobreviverem, a viagem dos pacientes era tão dolorosa quanto suas feridas. As camas eram apertadas e claustrofóbicas, o trepidar das rodas do trem piorava as dores, e o espaço era imundo com a sujeira dos homens que vinham diretamente de dias em um buraco lamacento.

(Fonte: All About History/Reprodução)(Fonte: All About History/Reprodução)

A quantidade de mortes impedia que existisse limpeza adequada nos trens-ambulância, que transportavam apenas 50 funcionários em comparação com os 500 passageiros feridos. Aqueles que recebiam as vítimas corriam o risco de contrair várias doenças infecciosas deflagradas pelas trincheiras, além de serem bombardeados no meio do caminho.

Os atendentes eram os responsáveis por buscar água, trocar curativos, alimentar os homens e limpar o trem. Os três médicos oficiais determinavam o tipo de tratamento, enquanto três enfermeiras prestavam os cuidados médicos qualificados. Em cada ala médica havia um cozinheiro trabalhando no vagão-cozinha para manter todos bem alimentados.

(Fonte: National Railway Museum/Reprodução)(Fonte: National Railway Museum/Reprodução)

O planejamento cuidadoso não impediu que a indústria ferroviária não entrasse em colapso na Grã-Bretanha, principalmente pelo acúmulo em massa de mortos e feridos. Só em 1918, as empresas construíram 20 trens-ambulância para uso no país, e 31 para rodar pelo continente.

Apesar da pressão, as ferrovias foram essenciais para a logística da Primeira Guerra Mundial, que poderia ter números ainda mais alarmantes se não fosse pelos trens-ambulância, que também foram usados durante a Segunda Guerra Mundial e até o fim da Guerra Fria. 

Dessa vez, no entanto, sem a pompa com que foram inaugurados, com milhares de pessoas orgulhosas pelo novo empreendimento, meses antes de se depararem com o horror que o negócio carregaria.

Fonte

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