Artes/cultura
25/09/2021 às 09:00•2 min de leitura
No fim da década de 1890, com a chegada do primeiro automóvel importado ao Rio de Janeiro (RJ), o poeta e jornalista Olavo Bilac quase causou uma fatalidade sem precedentes e até mesmo imprevisível. Por trás do volante do Serpollet de seu amigo José do Patrocínio, o escritor inaugurou os acidentes de trânsito no país enquanto dirigia a apenas 4 quilômetros por hora, resultando na perda total do veículo.
Após retornar de uma viagem a Paris (França) em 1987, o jornalista abolicionista e fundador da cadeira número 21 da Academia Brasileira de Letras, José Carlos do Patrocínio, chegou à antiga capital do Brasil com uma novidade de encher os olhos: um Serpollet com motor a vapor. Inventado por Léon Serpollet, o meio de transporte chamou a atenção por ter o design de um triciclo, porém com uma caldeira que melhorava a dirigibilidade e aprimorava a eficiência.
(Fonte: Quatro Rodas/Reprodução)
“Trago de Paris um carro a vapor… O Veículo do Futuro, meus amigos. Um prodígio! Léguas por hora. Não há aclives para ele: com um hábil maquinista vai pelo Corcovado acima, garanto a vocês, pelo Corcovado acima como um cabrito. Em meia hora faremos o trajeto do Largo do São Francisco ao Alto da Tijuca. Imaginem! É a morte de tudo, dos tílburis, dos carros, do bonde… até da estrada de ferro. Ficamos senhores da viação. É a fortuna.”, anunciou Patrocínio.
Amigo próximo de Patrocínio, Bilac recebeu um convite especial e assumiu o volante do Serpollet mesmo sem nunca ter tido contato com automóveis. Apesar das instruções dadas pelo dono do carro (que estava no banco do carona), o destino não podia ser diferente; enquanto o jornalista ia de Botafogo para a Estrada Velha da Tijuca, no Alto da Boa Vista, envolveu-se em um acidente ao atravessar a primeira curva e colidir com uma árvore.
O feito não chegou a machucar Bilac nem Patrocínio, mas resultou em perda total para o Serpollet. Conforme relatos, a tragédia foi o primeiro acidente de carro registrado no Brasil e o segundo no mundo, já que em 1896, em Londres (Inglaterra), Bridget Driscoll morreu em uma colisão após bater seu veículo contra o de Arthur James Edsall, que supostamente estava trafegando com velocidade acima do limite permitido.