6 fatos perturbadores sobre o mercado de cadáveres no século XIX

16/10/2021 às 08:003 min de leitura

Durante o século XIX, a Medicina presenciou grandes avanços nos estudos cirúrgicos e clínicos graças às análises em corpos dissecados. Porém, essa evolução teve um preço alto para a sociedade, especialmente para as camadas mais pobres, que viram leis federais roubarem o controle de seus corpos e capturá-los, muitas vezes involuntariamente, para que fizessem parte de experimentos considerados suspeitos.

Essa área estimulou o surgimento do mercado de cadáveres, que passou a agir em diversas áreas da Inglaterra e a negociar com asilos, hospitais, sanatórios e outras instituições. Com o tempo, a necessidade de dinheiro e a possibilidade de trocar corpos mortos por sustento levou a sociedade a realizar feitos abomináveis.

Confira abaixo alguns fatos perturbadores sobre o comércio de cadáveres na Era Vitoriana.

1. Os mais pobres eram os principais alvos

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Em 1834, a Nova Lei dos Pobres determinou que, sob solo inglês, os pobres não teriam mais controle sobre os próprios corpos, e poderiam ser levados para dissecação sem que houvesse qualquer tipo de consentimento formal. Logo, funcionários de asilos e sanatórios passaram a obter uma renda extra com a venda de cadáveres para autoridades clínicas, chegando ao ponto de capturar aleatoriamente pacientes internados para a retirada de órgãos, assim gerando espíritos de rebelião dentro de instituições.

2. Hospital São Bartolomeu, em Londres, foi um cliente importante

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Conhecido por ser o hospital em que Sherlock Holmes e John Watson se encontram pela 1ª vez, o São Bartolomeu, fundado em Londres em 1123, adquiria recorrentemente cadáveres para levá-los à seção de dissecação. Devido à localização periférica, em locais com muitos registros de pobres mortos, a instituição se privilegiou de óbitos por miséria, exaustão, problemas de saúde ou superexcitação, construindo um sistema sofisticado de negociação que ocorria, muitas vezes, de forma íntima com os vendedores de corpos.

3. Robert Hogg e Albert Feist

(Fonte: Atlas Obscura / Reprodução)(Fonte: Atlas Obscura / Reprodução)

Acusado de vender ilegalmente corpos de indigentes para o Guys Hospital Medical School, em Londres, o diretor do St. Mary Newington, Alfred Feist, trabalhou ao lado do agente funerário Robert Hogg na movimentação de cerca de 45 corpos que deveriam ter sido enterrados. O crime foi confessado por Hogg em 1858, que relatou eventos envolvendo troca de corpos, pagamentos superfaturados, funerais falsos e muitas outras situações perturbadoras que ocorriam no asilo.

4. Corpos infantis supervalorizados

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

De acordo com estudos realizados em uma coleção de esqueletos de 1700 a 1800 reunida na Universidade de Cambridge, Inglaterra, crânios inteiros de fetos e crianças eram preservados em vez de serem abertos, eles apresentavam uma alta valorização de mercado. Isso ocorria porque esses cadáveres contribuíam para resultados relevantes de pesquisas sobre o aborto e as anomalias no parto, então muitas mães desesperadas por dinheiro chegavam a ter filhos para posteriormente vendê-los e garantirem seu sustento.

5. Oxford vs. Cambridge

(Fonte: Strutt & Parker / Reprodução)(Fonte: Strutt & Parker / Reprodução)

Por anos, as Universidades de Oxford e Cambridge competiram por corpos para avançar em suas respectivas pesquisas. O embate foi protagonizado por Alexander Macalister, encarregado do Laboratório de Anatomia de Cambridge e responsável por criar o comércio local de cadáveres, e Arthur Thomson, professor de Anatomia Humana em Oxford, que pagou cerca de 12 libras por cada corpo durante suas viagens. Ambos foram responsáveis por movimentar corpos de inúmeros asilos e hospitais, estimulando o surgimento de concorrentes e de sindicatos interessados em entrar para o negócio.

6. Cadáveres escondidos por famílias

(Fonte: Wikipedia / Reprodução)(Fonte: Wikipedia / Reprodução)

Para evitar que seus entes queridos fossem levados para dissecação, famílias inglesas mantiveram corpos de parentes escondidos das autoridades, especialmente durante a época em que a Lei da Anatomia estava em vigor. Sem dinheiro para realizar um devido funeral, muitas dessas pessoas apelaram para os chamados "clubes funerários", que ajudavam famílias a enterrar seus parentes mediante pagamento de uma mensalidade de associado.

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