Artes/cultura
08/01/2022 às 07:00•3 min de leitura
Os exércitos espalhados no mundo inteiro contam histórias de garra e bravura de soldados que protegeram suas nações. Entre esses militares, há incontáveis casos de pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+ que foram responsáveis por atos heroicos, mas que, por conta de fazerem parte desse grupo, acabaram sendo silenciados, expulsos ou simplesmente tiveram suas histórias “varridas para o debaixo do tapete”, como diz a expressão popular.
Apesar de terem sido destratados tantas vezes pelos relatos históricos, esses soldados tiveram uma forte contribuição na defesa de seus países. Conheça aqui a história de 6 deles.
(Fonte: Rare.Us)
Em 22 de setembro de 1975, um veterano da Guerra do Vietnã chamado Oliver Sipple andava nas ruas de San Francisco, na Califórnia. Naquele dia, uma multidão esperava pela passagem do então presidente norte-americano, Gerald Ford. Por coincidência, Sipple estava exatamente do lado de uma mulher chamada Sara Jane Moore, que tentaria disparar uma arma contra o presidente, sem sucesso.
Quando Sara tentou atirar mais uma vez, Sipple conseguiu reagir e tirar a pistola calibre 38 de sua mão. Posteriormente, Sara foi presa e condenada à prisão perpétua pelo atentado. Porém, Oliver Sipple foi mais vitimado do que o presidente: os jornais da época foram atrás de sua identidade e noticiaram amplamente o nome do herói, mas, por ser gay, acabou sendo muito discriminado.
Ao ter seu nome e fotos reveladas (em algumas, quando marchava em passeatas LGBTQIA+ junto ao famoso militante Harvey Milk), Sipple teve sua vida devastada. Acabou sendo demitido do emprego, além de perder vários amigos e o respeito de seus familiares.
(Fonte: BBC/Reprodução)
O sargento Leonardo Matlovich, um respeitado veterano da Guerra do Vietnã, passou boa parte de sua vida “no armário”. Contudo, ele é hoje considerado um símbolo para a comunidade LGBTQIA+, porque, em 1975, assumiu-se publicamente gay em uma reportagem da Time — a revista de maior circulação nos Estados Unidos.
A reação do exército foi avassaladora: foi expulso da corporação (existia uma cláusula que proibia que homossexuais servissem) e teve que lidar com a rejeição de seus pais católicos. Por mais que tenha sofrido consequências terríveis por sua decisão, Matlovich nunca retrocedeu e, pelo resto da sua vida (ele morreu de Aids em 1988, aos 44 anos), continuou posicionando-se como um importante ativista da comunidade. A frase gravada em sua lápide diz: “quando eu estava no exército, eles me deram uma medalha por matar dois homens e me dispensaram por amar um”.
(Fonte: History Hit)
A famosa tropa militar da Grécia Antiga chamada Batalhão Sagrado de Tebas era formada por 300 homens — que eram, na verdade, 150 casais homossexuais. Eles eram conhecidos por sua braveza e por suas sofisticadas estratégias de guerra.
O grupo foi capaz de derrotar Esparta na Batalha de Leuctra, expulsando os inimigos do território. Infelizmente, os 300 guerreiros acabaram mortos na Batalha de Queroneia, no ano de 338 a.C.
(Fonte: Revista Hibrida)
Um dos grandes heróis da Guerra de Secessão americana guardava um segredo: ele nasceu mulher. Natural da Irlanda, ele veio clandestinamente aos Estados Unidos, onde se reinventou como homem e assumiu um nome masculino.
Quando a guerra estourou, em 1860, Cashier se alistou. Ninguém descobriu que ele, biologicamente, era uma mulher: o exame na época consistia em apenas olhar os pés e as mãos dos soldados. Por 3 anos, Albert Cashier lutou arduamente na guerra e enfrentou mais de 40 conflitos.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Quando era adolescente, Patricia Davies lutou na Segunda Guerra Mundial, mas talvez seu maior feito de coragem tenha sido o fato de ter-se assumido transexual aos 90 anos de idade. Patricia nasceu Peter e prestou serviço militar em vários países, como na Índia e no leste da África.
Embora ela falasse que se reconhecia como mulher desde os 3 anos de idade, ela disse não se arrepender por ter demorado tanto tempo para se assumir, pois só assim teve a oportunidade de servir ao seu país.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Harvey Milk (que teve sua história contada em Milk: a voz da igualdade, de 2008) foi um dos mais conhecidos ativistas da comunidade LGBQIA+. O que nem todo mundo lembra é que ele também era um veterano de guerra.
Milk se alistou na Marinha em 1951 e prestou vários serviços à nação. No entanto, no ano de 1955, após ter participado da Guerra da Coreia, ele foi forçado a sair do serviço militar, pois seus colegas o avistaram em um bar gay. Harvey atuou como um forte defensor dos direitos da comunidade LGBQIA+ até ser assassinado em 1978.