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04/02/2022 às 09:30•2 min de leitura
Teorias da conspiração, espionagem, tensão, medo de um conflito iminente. O período da Guerra Fria está marcado na história, e com ela a espantosa trama envolvendo a criação de um artefato mortífero pela Agência Central de Inteligência (CIA) do governo norte-americano. Tal artefato ficou conhecido como “arma de ataque cardíaco”.
O enredo por trás da criação deste objeto é tão surreal que soa como mentira, tal qual os boatos que se espalham pela internet e passam a ser vistos como verdade. Apesar disso, podemos garantir que esse é um fato real, noticiado em grandes veículos como o The New York Times e tema de uma comissão no Senado americano.
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(Fonte: AP Photo)
O ano é 1975 e os Estados Unidos ainda sofrem os reflexos causados pelo escândalo do Watergate, em 1972, e da renúncia de Richard Nixon à presidência, dois anos depois. Era crescente o interesse da opinião pública, da imprensa e dos congressistas americanos nas agências de inteligência do país.
Dessa forma, a CIA passou a ser o centro dos holofotes com muitas investigações trazendo à luz do dia planos secretos voltados à espionagem de cidadãos, políticos de diferentes países e matrizes ideológicas, e até de projetos para dar fim em inimigos da nação. Como diz o famoso conto, “o rei está nu”. No caso, a CIA é quem estava.
Agora, esse roteiro de filme não é obra apenas da ficção, mas do mais puro segredo dos porões da inteligência americana. A "arma de ataque cardíaco" foi construída para acabar com inimigos da única forma aceitável: a que não deixasse rastros. E tudo começou no trabalho de uma pesquisadora norte-americana chamada Mary Embree.
(Fonte: All That Interesting)
A pesquisadora Mary Embree começou a trabalhar para a CIA aos 18 anos, em uma divisão encarregada de desenvolver microfones ocultos. Depois, já em uma nova divisão interna, foi encarregada de encontrar algum veneno não rastreável que pudesse ser utilizado de várias formas, incluindo em uma eventual "arma" letal. Embree acabou fazendo parte do projeto "MK Naomi", altamente secreto.
"Missão dada, é missão cumprida". Mary e sua equipe desenvolveram uma arma semiautomática semelhante à Colt M1911, modificada para disparar dardos de maneira elétrica, silenciosa e com alcance de 100 metros.
O veneno utilizado nos dardos foi feito com toxinas do marisco, que em doses altas interrompe o sistema cardiovascular por completo, resultando em uma morte que muito se assemelha à causada por ataque cardíaco. Parecia a arma perfeita.
(Fonte: Revista Veja)
Tanto a comissão do Senado americano, quanto as investigações jornalísticas conduzidas pelo The New York Times, não obtiveram uma lista completa com o nome de quem a CIA pretendia aniquilar utilizando a "arma de ataque cardíaco".
Contudo, de acordo com testemunhos: Patrice Lumumba, líder do Congo; Fidel Castro, presidente de Cuba; e Rafael Trujillo, ditador da República Dominicana deveriam receber um tiro com toxina de marisco. Como a comissão do Senado demonstrou os planos (e também a arma) perante os senadores, nada, aparentemente, aconteceu. O que se sabe é que foi a única exibição pública dela.
Toda essa exposição midiática pressionou o governo a ponto do presidente Gerald Ford, em 1976, assinar uma ordem proibindo qualquer funcionário do Estado de "se envolver ou conspirar para se envolver em assassinatos políticos". Ao que tudo indica, foi o fim do período mais obscuro da história da CIA.