Ciência
14/03/2022 às 09:00•2 min de leitura
Hipátia nasceu na cidade egípcia de Alexandria, por volta de 370 d.C. Era filha do matemático, filósofo e astrônomo Theon, último diretor do Museu de Alexandria. Mesmo sendo mulher, seu pai não lhe negou acesso à educação, o que não era comum na época. Isso foi fundamental para que ela se tornasse imortal na história das Ciências, principalmente da Matemática.
Hipátia é considerada a primeira mulher a se destacar nas Ciências Exatas em toda a história. Contudo, a mesma inteligência que a imortalizou despertou a inveja de homens poderosos e a ira de um povo ignorante. Com tantos inimigos, essa célebre professora se tornou vítima de um crime brutal, capaz de chocar as pessoas ainda hoje.
Influenciada pelo pai, Hipátia estudou astronomia, religião, poesia, artes e ciências exatas. Ela também estudou em uma escola neoplatônica, em Atenas (Grécia). Ao retornar para Alexandria, tornou-se professora e depois diretora da Academia de Alexandria.
O raciocínio dela era tão admirado que políticos costumavam consultá-la antes de tomar grandes decisões. Um desses políticos, Orestes, tornou-se um aliado e admirador.
Orestes era o representante do Império Romano em Alexandria, exercendo um cargo semelhante ao de um governador dos dias atuais. Antes de ser amigo de Hipátia, ele havia sido aluno dela.
Desenho de Hipátia feito por Jules Maurice Gaspard (1862–1919). (Fonte: Reprodução Wikimedia Commons)
Hipátia era conhecida por não fazer distinção entre seus alunos. Lecionava para cristãos, judeus e pagãos sem problemas. Muitas de suas aulas eram dadas de forma pública, disponibilizando sua sabedoria para quem quisessem ouvi-la.
O problema é que o contexto social de sua época estava mudando. A busca pela lógica e pelo saber estavam deixando de ser ideais admirados pelos líderes romanos. Se antes os cristãos eram perseguidos pelos romanos, agora, eram eles que mandavam no Império e tinham o poder de matar quem pensasse diferente.
O clima tenso entre cristãos, judeus e pagãos gerava uma onda de violência entre os moradores de Alexandria, além de indicar a decadência do Império Romano, incapaz de unificar os povos.
Em 395 d.C., o Império Romano se dividiu entre os romanos ocidentais (católicos romanos) e romanos orientais (católicos ortodoxos). Alexandria se tornou parte do Império Romano Oriental.
Cirilo de Alexandria (Fonte: Wikimedia)
Em 412 d.C., a cidade ganha um novo patriarca (bispo) ortodoxo: Cirilo. Ele não era um admirador de Hipátia, pelo contrário: ele considerava os ensinamentos dela anticristãos.
Sendo assim, o religioso passou a usar sua influência para insuflar o ódio à estudiosa junto aos seus fiéis. O único aliado de Hipátia era o prefeito Orestes, que também despertava a ira desse bispo.
Um dia, enquanto estava dentro de uma carruagem, Hipátia foi cercada por uma multidão de cristãos. A mulher foi arrastada até o Kaisarion (ou Caesareum), um templo pagão romano construído em homenagem ao filho de Júlio César e Cleópatra, mas que já tinha sido transformado em igreja cristã nessa época.
Lá ela foi espancada, esfolada e seu corpo foi esquartejado. Os cristãos ainda queimaram a biblioteca de Alexandria, assim como todas as obras de Hipátia e de outros pensadores. Nenhum livro de Hipátia sobreviveu à ira dos religiosos. O cristianismo passou a ser a única religião permitida em Alexandria.
Ainda assim, sabemos que grandes invenções como o planisfério, o hidrômetro e o astrolábio plano foram resultados de suas pesquisas matemáticas. Aliás, o astrolábio só seria usado pela humanidade mil anos depois, quando os portugueses deram origem às grandes navegações.