Ciência
20/05/2022 às 12:00•2 min de leitura
O regime do Talibã, grupo extremista e nacionalista que retomou o poder no Afeganistão em 2021, é muito nocivo especialmente para meninas e mulheres. Elas são desencorajadas a ter qualquer participação na vida pública do país e são estimuladas apenas a serem educadas para a casa - para ser uma ideia, o governo desmontou o Ministério das Mulheres e criou um novo Ministério das Virtudes.
Para completar, as meninas foram proibidas de frequentar escolas secundaristas (só podem ter a educação primária). Mas isso não tem impedido que algumas escolas funcionem de forma clandestina, de forma a garantir a educação para algumas jovens do país - mesmo que seus responsáveis corram risco.
(Fonte: The Columbian)
Em um bairro residencial de Cabul, funciona uma dessas escolas secretas do Afeganistão. Lá, grupos de meninas adolescentes participam de aulas de várias disciplinas, em um ambiente que tenta reproduzir o de uma escola normal.
"Sabemos das ameaças e preocupamo-nos com elas", disse uma professora para a reportagem da BBC. Ela ainda destaca que educar as meninas vale "qualquer risco".
Houve uma promessa de que o Talibã reabriria as escolas femininas em março, mas isso não aconteceu. Uma das estudantes, uma jovem de 19 anos, declarou, entre lágrimas: "já se passaram dois meses e as escolas ainda não reabriram. Isso me deixa tão triste".
A professora ainda complementa: "nós fazemos o nosso melhor para fazer isso secretamente, mas mesmo que eles me prendam, me espanquem, vale a pena".
A ONU já declarou que enxerga a exclusão das meninas do processo educativo como algo que gera "extrema frustração" na organização, uma vez que já orientou as autoridades talibãs para que voltassem atrás. Além disso, posicionou-se que esta é uma situação muito prejudicial para o país.
(Fonte: BBC)
O grupo extremista do Talibã governou o Afeganistão entre os anos de 1996 e 2001. Com a saída das tropas americanas do país, em 2021, o grupo reassumiu o comando do país.
É importante ressaltar que a questão das escolas femininas não é unânime nem dentro do próprio Talibã. Várias fontes relataram à BBC que há lideranças importantes no grupo extremista que discordam da saída das meninas das escolas. O Ministério da Educação, por exemplo, parece discordar da ordem, e consta que alguns funcionários do Talibã estão educando suas filhas em países como Catar e Paquistão.
Sheikh Rahimullah Haqqani é um clérigo afegão muito respeitado pelo Talibã. Ele não critica abertamente o fechamento das escolas (a justificativa dada pelo grupo é a segurança das meninas), mas afirma que não há justificativa religiosa que se oponha à educação feminina.
"Todos os livros religiosos afirmam que a educação feminina é permitida e obrigatória, porque, por exemplo, se uma mulher fica doente, em um ambiente islâmico como o Afeganistão ou o Paquistão, e precisa de tratamento, é muito melhor se ela for tratada por uma médica", afirmou Haqqani.