Ciência
24/05/2022 às 13:00•2 min de leitura
Foi em meados de 220 a.C., após o primeiro imperador chinês, Qin Shihuang, da dinastia Qin, conseguir unificar o país pela primeira vez na História, que ele ordenou que fosse construída a Grande Muralha da China.
Com ela, seu objetivo era estabelecer um sistema robusto e forte de defesa para a nação recém-unida contra os ataques de inimigos. Para isso, foi combinada várias paredes ao longo de 2 mil anos até que a muralha alcançasse incríveis 21. 196 mil quilômetros de extensão. O empreendimento custou a vida de um milhão de pessoas durante as obras, reunindo cerca de 3 milhões de homens na primeira etapa de construção, o que configurava, na época, 70% da população do país.
Um dos trechos mais notórios da Muralha da China foi o de seu ano final, no século XVI, erguido durante a dinastia Ming, cobrindo uma área de cerca de 8 mil quilômetros, se tornando o mais bem preservado para sua idade. Acredita-se que muito disso seja atribuído a um componente incomum.
(Fonte: Vintage Everyday/Reprodução)
O trecho da Muralha da China construído durante o período Ming (1368-1644) é um dos mais renomados e historicamente reconhecidos, grande parte devido à quantidade de detalhes e ornamentos intricados sob porcelanas, cerâmicas e outras peças colocadas por famosos artistas do período.
Como muitos sabem, para construir uma parede, são necessários tijolos e cimento. Nada ficaria em pé, principalmente uma muralha como a da China, sem algo sólido, como tijolos e pedras, tampouco sem estarem grudados com alguma massa específica.
As civilizações antigas, como os romanos, usaram cal, cinzas vulcânicas moídas, pó de tijolo e lascas de cerâmica na mistura para obterem uma argamassa consistente o suficiente para segurar suas construções por mais tempo.
(Fonte: The Jakarta Post/Reprodução)
No entanto, uma vez que os chineses não tiveram acesso às cinzas, os trabalhadores recorrem ao que mais tinham ao seu dispor: arroz. Cientistas à frente do artigo Study of Sticky Rice-Lime Mortar Techonology for the Restoration of Historical Masonry Construction, escreveram que, após uma análise de microscopia eletrônica, chegaram à conclusão que o componente inorgânico presente na estrutura é o carbonato de cálcio, e o componente orgânico é a amilopectina, um derivado da sopa de arroz empapada adicionada ao cimento.
O arroz, um produto que a China importou em quantidades que custaram US$ 1,72 bilhão apenas em 2020, tornando-se o maior importador desse alimento no mundo, foi a estratégia usada pelos trabalhadores da Muralha da China para fazer a construção sobreviver aos desastres naturais e ao tempo.
O estudo também indicou que a amilopectina manteve sob controle o desenvolvimento do carbonato de cálcio, reduzindo os efeitos do desgaste na construção.