Artes/cultura
28/07/2022 às 12:00•2 min de leitura
Recentemente, uma polêmica em torno da remontagem do musical Funny Girlesquentou os ânimos na internet. A nova versão seria estrelada pela atriz Beanie Feldestein, substituída por Lea Michele, famosa pela série Glee. A saída de Beanie envolve brigas de bastidores e críticas pesadas sobre sua performance como a protagonista deste clássico.
A notícia causou comoção entre os fãs do musical, especialmente aos que acreditavam desde o início que Lea Michele seria uma opção melhor para o papel outrora vivido no cinema por Barbra Streisand. Beanie recebeu críticas severas pela sua versão de Fanny Brice. A revista Vulture, por exemplo, escreveu o seguinte: “música após música, a voz de Beanie Feldstein desaponta. Anasalada e desagradável todas as vezes que ela usa sua voz de peito, sumindo e ficando desafinada quando cai alguns tons. Simplesmente não é o que você espera ver na Broadway".
Mas o que será que tem nessa história que ela continua angariando fãs depois de quase 6 décadas? A questão envolve saber o que há de tão cativante na verdadeira Funny Girl que inspirou o musical.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A primeira versão de Funny Girl estreou na Broadway em 1964 e virou filme em 1968. Mas a história que inspirou o espetáculo é da década de 1910. O musical conta a vida de Fanny Brice, uma moça judia nascida em 1891 que sonhava em ser uma estrela de teatro, mas não era tão bonita quanto precisaria ser para esta carreira. Por conta disso, ela passa a esbanjar humor e atitude.
A trajetória de Fanny Brice se inicia após a Primeira Guerra Mundial, quando ela ingressa no Ziegfeld Follies, uma companhia de shows. No grupo, que era especializado em shows de variedades, Fanny se apresentou por décadas e alcançou a fama. Esta companhia abriu espaço para a consolidação do circuito da Broadway, com seus espetáculos megalomaníacos, com performances exageradas e figurinos chamativos.
Fanny Brice iniciou lá sua carreira em busca de seu sonho e recebeu a ajuda de outros artistas que a alçaram para o sucesso. Ela começa a chamar muita atenção por ter talento para a música, mas ainda assim continuar fazendo esquetes cômicos - em um deles, aparecia vestida como uma noiva grávida, o que era bastante inusitado para a época.
Fanny era, portanto, uma mulher ousada, que não aceitava sofrer repressão ou obedecer a padrões estabelecidos. Ela iniciou novos formatos dentro do seu espetáculo, abrindo caminho para outras atrizes que a sucederam. A artista, portanto, começou a angariar feitos que antes eram restritos apenas aos homens de sua época.
(Fonte: Plano Crítico)
Por outro lado, Fanny era apaixonada por um homem chamado Nick Arnstein, um vigarista e apostador que se sentia diminuído pelo seu sucesso. Nick – que, na verdade, usava vários pseudônimos para dar seus golpes - ganhou muito dinheiro com jogo de azar, e acabou preso várias vezes em Nova York por fraude.
O musical foca sobretudo no relacionamento entre Nick e Fanny, ficcionalizando alguns elementos da história do casal. O show se inicia quando Nick está preso pela segunda vez, e Fanny tenta analisar o casamento dos dois e decidir pelo divórcio.
Na história contada nos teatros e no cinema, Fanny só se casou com Nick, que teria sido seu grande amor. A verdadeira Fanny Brice se casou uma vez na adolescência e, depois do divórcio com Nick, voltou a se casar com um homem chamado Billy Rose. Nick também foi casado outras vezes, até falecer em 1965. Já Fanny morreu em 1951.
Mesmo que o relacionamento entre Fanny e Nick não tenha vingado, ele gerou dois filhos, William e Frances. O musical Funny Girl, estrelado por Barbra Streisand, foi produzido pelo marido de Frances.