Ciência
30/08/2022 às 13:36•3 min de leitura
Morreu hoje, aos 91 anos, Mikhail Gorbachev, o último presidente da União Soviética e figura central no encerramento da Guerra Fria entre a URSS e os Estados Unidos. Por conta de sua participação neste episódio histórico, Gorbachev ganhou, em 1990, o Prêmio Nobel da Paz.
O político teve uma atuação como secretário-geral e como presidente da URSS, ocasiões em que se notabilizou por instalar as políticas de abertura (a Glasnost) e de reestruturação (a Perestroika) da União Soviética, que finalmente colapsou entre 1990 e 1991. Gorbachev também é lembrado por pressionar o desarmamento e desmilitarização da Europa Oriental.
(Fonte: Getty Images)
Mikhail Sergueievitch Gorbachevv nasceu em 2 de março de 1931, no território de Stavropolm, na União Soviética. Ele era filho de pai russo e mãe ucraniana.
Em sua infância, passada durante a Segunda Guerra Mundial, o território onde sua família habitava foi ocupado por tropas alemãs. Seu pai se juntou ao exército e acabou morrendo durante o conflito.
Aos 13 anos, o jovem Mikhail foi trabalhar em um kolkhoz, as fazendas coletivas de camponeses que existiam na URSS. Ele ganhou um prêmio aos 17 anos por se destacar no ofício de eletricista. Dois anos mais tarde, tentou uma vaga na Partido Comunista da União Soviética, mas só foi aceito quando tinha 21 anos.
Em 1950, ele ingressou no curso de Direito da Universidade Federal de Moscou. Foi lá também que conheceu Raíssa Titarenko, com quem se casou em 1953. Eles permaneceram juntos até a morte dela, em 1999.
(Fonte: Revista Galileu)
Gorbachev ingressou no Partido Comunista durante a faculdade e seguiu construindo uma carreira na política. Em 1971, entrou para o comitê central do partido. Logo mais, em 1979, era promovido ao Politburo, o mais alto comitê da União Soviética.
Entre 1985 e 1991, o político atuou como secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética. Durante sua gestão, Gorbachev foi fundamental na criação de reformas que impactaram a URSS no aspecto militar, cultural e político.
O que ocorria então é que a União Soviética, embora fosse comunista, exercia um controle autoritário sobre os cidadãos, o que ia contra os princípios do comunismo. As liberdades social e política das pessoas eram limitadíssimas, e não havia nenhuma abertura para se criticar os líderes da nação.
O político ajudou então a implementar reformas que visavam trazer mais liberdade e transparência, além de estimular a reestruturação econômica.
(Fonte: Blogspot)
O governo Gorbachev instalou, dentre outras mudanças, dois planos de reformas na URSS: a Perestroika e a Glasnost.
A Glasnost buscava transformar a União Soviética mais livre e alinhada aos países modernos e industrializados. Dentre as políticas envolvidas nesta reforma, estavam o esforço pela transparência do governo, o aumento da acessibilidade a temas estatais e a queda da censura. Por consequência, arquivos e livros que eram restritos à imprensa e à população tiveram acesso liberado.
Já a Perestroika tinha objetivos mais ousados: visava a reestruturação econômica ao liberar o comércio exterior e tirar o controle do governo sobre os preços, a moeda, os limites na fabricação de produtos, dentre outras ações. A URSS, portanto, afrouxava o controle que tinha sobre os negócios da população - os agricultores e fabricantes podiam agora começar a decidir quanto produzir e quanto cobrar pelos seus produtos.
Por consequência de toda a sua carreira, e sua mediação no conflito da Guerra Fria, Mikhail Gorbachev foi eleito presidente da União Soviética em 1990, ano em que recebeu também o Prêmio Nobel da Paz.
(Fonte: Meer)
Mikhail Gorbachev ficou lembrado pela história por conta de seus esforços em criar relações mais cordiais com o Ocidente. Alguns encontros que realizou, como o que ocorreu com o então presidente americano Ronald Reagan, tornaram-se símbolos de suas ações em prol de uma convivência pacífica com outros países. Juntos, os dois presidentes negociaram um acordo para o desarmamento nuclear.
Desde 1993, o ex-presidente se dedicava a organizações de cunho social, e presidia a organização ecológica Cruz Verde Internacional. Enfrentando problemas de saúde há pelo menos uma década, ele faleceu por conta de “uma doença grave e prolongada”, conforme anunciou o Hospital Clínico Central da Academia Russa de Ciências.