Estilo de vida
02/12/2022 às 08:00•2 min de leitura
O contrabando e a destruição de objetos de arte e patrimônios culturais de relevância nacional, regional, local ou internacional, são grandes problemas, principalmente no que diz respeito às culturas do Oriente Médio – apesar desse tipo de crime acontecer pelo mundo todo.
Em novembro desse ano, o contrabandista indiano Subhash Kapoor, de 71 anos, foi condenado em primeira instância por um tribunal em Kumbakonam, na Índia, a 10 anos de prisão por roubo e exportação ilegal de 19 objetos religiosos antigos de um templo na cidade de Ariyalur, estado de Tamil Nadu.
Por mais de duas décadas, o homem liderou uma quadrilha responsável por traficar mais de 2.600 objetos no valor de US$ 143 milhões.
Subhash Kapoor. (Fonte: India Times/Reprodução)
Antes de entrar para o ramo de contrabando de maneira oficial, Kapoor era proprietário da galeria Art of the Past, em Manhattan, Estados Unidos. A empresa de sua irmã, Nimbus Import/Exports, se especializou na venda de antiguidades de todo o subcontinente indiano e sudeste da Ásia para os principais museus do mundo, mal sabendo que todos eles eram roubados.
“Kapoor foi um dos traficantes de antiguidades mais prolíficos do mundo, mas graças ao trabalho de nossos investigadores e analistas dedicados, conseguimos recuperar milhares de peças saqueadas por sua rede”, disse o promotor distrital Alvin L. Bragg, em comunicado oficial à imprensa.
A Interpol perseguia Kapoor desde 2011, quando foi sinalizado e detido pela agência na Alemanha, e extraditado para a Índia para investigação e julgamento. O estrago cultural causado pelo homem ainda é impossível de ser medido, porém, museus e galerias pelo mundo já iniciaram esforços de repatriação de objetos comprados da coleção de Kapoor.
(Fonte: The New York Times/Reprodução)
As autoridades norte-americanas começaram a investigar o esquema sujo de Kapoor depois que a polícia de Udaya Palayam encerrou em 2008 um relatório em nome do templo Sri Varadaraja Perumal, em 2000, sobre 19 ídolos roubados. Três anos mais tarde, os federais vasculharam as unidades de armazenamento de Kapoor em Manhattan e no Queens, onde encontraram milhares de antiguidades roubadas.
A "Operação Ídolo Oculto", como ficou chamada a investigação, já conseguiu repatriar para a Índia 235 artefatos que encontraram relacionados aos negócios ilícitos do contrabandista. A empresa de Kapoor distribuiu e emprestou artefatos essenciais da humanidade roubados para instituições renomadas, incluindo o Metropolitan Museum of Art (Met), National Gallery of Australia e a Yale University Art Gallery.
(Fonte: The Times of Israel/Reprodução)
Kapoor é a ilustração perfeita de um problema antigo. Depois que a Alemanha nazista de Adolf Hitler passou a realizar saques maciços de igrejas, templos e outros edifícios para coletar todo o tipo de conteúdo, principalmente cultural –, o comércio ilícito de antiguidades se tornou tão grande no início do século XXI, que se tornou o crime internacional mais caro do mundo depois do tráfico de drogas e armas.
Assim que contrabandistas, como Kapoor, roubam uma peça, todas as informações essenciais sobre ela são perdidas para sempre, fazendo um buraco para a História geral e local. Diante dessa verdadeira epidemia que a Unesco decidiu promulgar uma convenção em 1970 proibindo o comércio de obras que ainda não estavam fora de seus países de origem.
(Fonte: Holocaust Museum/Reprodução)
A Itália é um dos governos que se tornaram mais agressivos no quesito busca e repatriação de antiguidades saqueadas, chegando a travar uma longa batalha legal contra o curador de antiguidades do Getty, Marion True, por adquirir peças exportadas ilicitamente.
Nos últimos anos, vários museus americanos, do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, ao Museu de Belas Artes de Boston, foram forçados pela justiça a devolverem antiguidades saqueadas a seus países de origem.