7 mentiras clássicas nas quais você ainda acredita

31/03/2023 às 13:005 min de leitura

É muito comum mantermos em nossa memória aqueles conhecimentos “clichês”, coisa passada de pai para filho, de um amigo para o outro, e que consideramos anedotas interessantíssimas e, mais que isso, verdades absolutas.

Qualquer roda de amigos ou mesa de bar é a oportunidade perfeita para mandar aquele “sabia que a feijoada foi inventada pelos escravos?” ou, para impressionar alguém em quem se está de olho, “saudade é uma palavra impossível de se traduzir para outras línguas”.

Pois saiba que essas duas afirmações — além de algumas outras que listamos aqui — são grandes mentiras. Confira aqui algumas coisas que praticamente todo mundo já ouviu falar, mas que não passam de fake news (a aproveite para desmentir quem continuar contando essas bobagens por aí!).

 1. Feijoada NÃO foi inventada por escravizados

aA feijoada brasileira nasceu da feijoada portuguesa. (Fonte: Getty Images)

A feijoada, considerada o prato derradeiro que representa a verdadeira culinária brasileira, não foi inventada por escravizados no Brasil colonial, como muita gente acredita e gosta de contar por aí. O prato tem origem portuguesa, onde já se comia um cozido de feijões com carne de porco chamado “feijão gordo” e ganhou uma versão abrasileirada com o tempo do período da colonização até hoje.

Esse tipo de comida, com leguminosas cozidas acompanhadas de carnes, era bastante comum na península Ibérica e na França. Na terra de Napoleão, inclusive, existe um prato bastante similar à feijoada, o cassoulet, que consiste em um cozido de feijão — muitas vezes branco —acompanhado de carnes como linguiça, salsicha, pato, ganso etc.

O que ajuda a reforçar essa mentira histórica é o fato de os cortes do porco usados na receita não serem os mais apreciados atualmente — como orelhas, pés, rabo etc. —, então inventou-se que os escravizados em suas senzalas aproveitariam as partes menos nobres do animal, descartadas por seus senhores, para fazer o cozido.

Acontece que esses cortes eram muito utilizados na cozinha portuguesa e de nenhuma maneira seriam descartados para o proveito dos escravizados. A feijoada com o tempo foi ganhando esse “formato” que conhecemos hoje, acompanhada de arroz, couve refogada, torresmo, bisteca, farofa, laranja e outros ingredientes e por isso, lá em Portugal, o prato é conhecido como “feijoada brasileira”, justamente para diferenciá-la da feijoada original que deu origem a ela.

 2. Criado-mudo NÃO é um termo racista

aO criado-mudo só é racista na fake news. (Fonte: Getty Images)

Não se sabe exatamente quando essa história foi inventada e caiu nas graças do povo, mas suspeita-se de uma campanha publicitária de uma marca de móveis.

Segundo historiadores especialistas no assunto, não existe nenhuma comprovação documental de que em algum momento da história do Brasil tenham se referido a alguma classe de escravizados como criados-mudos, que seriam pessoas que deveriam ficar de pé e calados ao lado da cama de seu senhor para servi-lo quando necessário. Nem o nome, nem essa função são registradas na história do país.

A origem do termo, no entanto, ainda é um mistério. Etimologicamente, é possível ligar esse nome a uma tradução do inglês dumbwaiter (algo como “criado burro” em português), que são aqueles pequenos elevadores em forma de móvel usados em casas mais luxuosas e hotéis para transportar itens da cozinha para outros cômodos em andares diferentes.

 3. “Feito nas coxas” NÃO é um termo racista

aTelha nunca foram moldadas em coxas na história do Brasil. (Fonte: Getty Images)

Outra história que guias de turismo adoram contar em cidades históricas do Brasil: que a expressão “feito nas coxas”, que remete a algo malfeito, tem origem também ligada aos escravizados do Brasil colonial. Segundo essa fake news, durante a construção de casas e outros edifícios antigamente, os escravos moldariam as telhas de barro em suas próprias pernas e o resultado nunca era bom, pois as pessoas têm coxas em tamanhos diferentes umas das outras.

Historiadores e arquitetos discordam dessa origem por diversos motivos — além de não haver nenhum relato dessa atividade em toda a história do Brasil, basta olharmos para as telhas fabricadas no período colonial para vermos que seus tamanhos são completamente incompatíveis com o tamanho da coxa de um ser humano, sendo sempre muito maiores.

Então de onde viria essa expressão? Ninguém sabe ao certo, mas uma das teorias mais consideradas diz respeito ao ato do coito interrompido, um dos poucos métodos anticoncepcionais disponíveis na época. “Fazer nas coxas” remeteria à ação do homem ejacular nas pernas da mulher para evitar a gravidez — algo que, convenhamos, tem tudo para dar errado.

 4. Van Gogh não arrancou a própria orelha

aA orelha de Van Gogh: machucada, mas não por ele mesmo. (Fonte: Getty Images)

Se você quer impressionar aquela pessoa que você conhece que manja muito do mundo das artes, por favor, NÃO comente que o pintor Vincent Van Gogh cortou a própria orelha com uma lâmina em um surto de loucura depois de brigar com seu amigo Gauguin, pois, obviamente, não foi isso o que aconteceu.

Segundo especialistas na vida do artista, o que aconteceu foi que Van Gogh teve uma discussão com seu colega também pintor e Gauguin, com raiva, o atacou com uma espada, arrancando um pedaço do lóbulo de sua orelha. Com os ânimos mais tranquilos, quando foi necessário dar satisfações sobre o acontecido para a polícia, Van Gogh disse que ele próprio havia se machucado para proteger o — apesar de tudo — amigo Gauguin.

Uma mentirinha para proteger o amigo acabou tomando proporções históricas e enganou não apenas a polícia da época, mas muitas pessoas até hoje.

5. Dá, SIM, para traduzir “saudade” para outras línguas

aA saudade é um sentimento universal. (Fonte: Getty Images)

Como nossa língua portuguesa é linda, não é mesmo? Porém, apesar de toda a poética em torno do nosso idioma, esse papo de que saudade é um conceito que só existe em português e que essa palavra é impossível de ser traduzida é uma belíssima mentira.

É claro que devemos levar em conta que saudade é, de fato, algo difícil de se definir. Até linguistas e grandes dicionários discordam em alguns pontos quando se tenta explicar o que é saudade, mas convenhamos que é uma sensação que pode ser considerada universal.

Realmente é bastante difícil traduzir o termo para outras línguas de maneira que a exata definição do termo seja contemplada — como no exemplo sempre muito usado do inglês, onde se substitui por miss, longing, homesick ou algo similar, sem nunca acertar na mosca. Já a língua espanhola, muito mais “aparentada” da nossa, tem palavras como soledad ou añoranza, que acertam no que queremos dizer com a saudade.

Mas em um mundo com algo que pode ultrapassar as 7 mil línguas existentes, não dá para dizer que nenhuma delas seja capaz de produzir um termo que significa a exata sensação que temos de saudade.

 6. A muralha da China NÃO pode ser vista do espaço

aA muralha é enorme, mas vê-la do espaço já é demais. (Fonte: Getty Images)

Por mais grandiosa que tenha sido a construção da muralha da China pelos chineses do passado, não é possível vê-la do espaço a olho nu. Nem ela, nem nenhuma outra estrutura de criação humana aparece para os astronautas na Estação Espacial Internacional, por exemplo, mas esse mito acaba sendo reforçado pelas imagens que vemos registradas por essa tripulação.

Acontece que eles utilizam dispositivos fotográficos de grande capacidade que conseguem dar aquele zoom na Terra e, aí sim, mostras lá de cima a muralha da China, as pirâmides do Egito e muitas outras estruturas humanas. Mas aí não vale, né!

Esse mito pode ter sido originado com a afirmação do astronauta americano Gene Cernan, que afirma ter visto o monumento chinês a bordo da Apollo 17 em 1972. Porém, em 2003, o taiconauta Yang Liwei girou em torno da Terra 14 vezes a bordo da Shenzhou 5 e não viu nenhum sinal sequer da Grande Muralha de seu país.

 7. A água NÃO desce girando em sentidos opostos nos Hemisférios Norte e Sul

aA água gira independentemente do hemisfério. (Fonte: Getty Images)

Se você já visitou alguma cidade por onde passa a linha do Equador, já deve ter visto alguma atração turística que mostra como a água desce girando em sentidos invertidos por um buraco quando colocada no lado do Hemisfério Norte e do Hemisfério Sul.

Pois se já viu isso e se maravilhou, pode se sentir feito de bobo sim. Na verdade, existe uma força chamada Coriolis que determina o sentido de ciclones e grandes massas de ar de acordo com o hemisfério em que se encontra, mas isso tem zero efeito em pequenas quantidades de água.

O que acontece é que esse sentido de giro da água pode mudar de acordo com uma série de outros fatores, como o vento, o formato do receptáculo onde está, a maneira como a água foi colocada nesse lugar etc. Porém, pela pequena quantidade do líquido usado, de maneira nenhuma a força Coriolis seria capaz de alterar o sentido de seu giro.

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