Artes/cultura
11/01/2022 às 09:12•3 min de leitura
A evolução humana é um tema que fascina a todos, certamente, e um fator importante nesse processo foi o momento em que os seres humanos começaram a andar, mais especificamente sobre as duas pernas.
Mesmo sendo tarefa difícil precisar com exatidão esse momento, os estudos de muitos antropólogos já são capazes de nos dar uma dimensão interessante sobre nosso bipedismo e como ele foi fundamental em nosso processo evolutivo.
Pesquisas já encontraram fósseis com indícios de bipedismo com mais de 4 milhões de anos. A 1ª descoberta foi feita na Etiópia e trata-se do Ardipithecus ramidus. Seus ossos indicavam bipedismo, com o pé tendo uma estrutura que permitia dar passos com impulso dos dedos, tal como nós fazemos hoje, algo que os símios que caminham sobre 4 patas não fazem.
Com as mãos livres, os hominínios poderiam construir ferramentas para uso no cotidiano. (Fonte: Getty Images)
É provável que “Ardi”, como foi apelidada essa descoberta, não andasse como nós, mas esses indícios ajudam a compreender a evolução do homem sobre diferentes aspectos. O bipedismo não tem relação com correr mais rápido, já que essa era uma habilidade de muitos animais de quatro patas, muitos até mais velozes do que os humanos.
A hipótese mais aceita para a seleção natural de hominínios bípedes trata da necessidade de liberação das mãos para execução de outras tarefas, como a criação de ferramentas, por exemplo. A seleção natural acontecia de modo a manter vivos os seres capazes de agarrar e segurar objetos, permitindo, por exemplo, que mães carregassem seus bebês, além da coleta e transporte de alimentos.
Com as mãos livres, como dissemos acima, era possível a construção de ferramentas, o que facilitou a execução de tarefas e a resolução de problemas de novas maneiras, fazendo que os cérebros e as habilidades cognitivas desses primeiros hominínios também fossem desenvolvidas.
Com as ferramentas e a possibilidade de carregar alimentos, o próximo passo foi a capacidade de migrar para longas distâncias, dominando hábitats e regiões novos.
“Lucy” foi uma descoberta importantíssima na formulação das hipóteses sobre o bipedismo humano. (Fonte: Getty Images)
Descobertas mais recentes corroboraram as pesquisas anteriores. Um exemplo disso foi Lucy, fóssil da espécie Australopithecus afarensis cujos ossos da coxa mostraram aos pesquisadores que ela caminhava ereta sobre as duas pernas. Descobertas posteriores de outros fósseis da mesma espécie indicaram o mesmo.
Na mesma região em que encontraram Lucy, os antropólogos descobriram pegadas fossilizadas com cerca de 3,6 milhões de anos. Esses rastros se estendem por cerca de 30 metros e têm 70 impressões individuais que indicam a presença de ao menos três indivíduos caminhando eretos sobre os dois pés.
O bipedismo permitiu que o ser humano conquistasse regiões, preservasse a espécie e desenvolvesse sua inteligência. (Fonte: Getty Images)
Hominínios com características mais próximas das nossas só apareceram, de acordo com os estudos, cerca de 1,8 milhão de anos atrás. O Homo erectus foi o 1° a ter pernas longas e braços ligeiramente mais curtos que o possibilitou andar, correr e se deslocar. Seu cérebro também era muito maior do que os dos bípedes anteriormente descobertos.
As hipóteses da comunidade científica são, em sua maioria, interligadas. Isso significa que todas elas constroem uma espécie de linha do tempo do processo evolutivo humano, indicando que dificilmente seriam razões dissociadas.
Esses dados não respondem com firmeza a razão pela qual os hominínios andam eretos ou mesmo a data em que isso ocorreu, mas nos oferece uma teoria sobre quando isso ocorreu e levanta muitas hipóteses sobre essa que é, certamente, a marca registrada de nós, humanos.