Saúde/bem-estar
27/04/2023 às 09:00•2 min de leitura
A Fazenda Santa Eufrásia, no município de Vassouras (RJ), ficou conhecida por explorar o "turismo da escravidão". A propriedade promovia encenações com pessoas negras vestidas como escravos e a proprietária se vestia como sinhá para receber turistas. A atividade foi encerrada pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2017.
O órgão apontou que houve uma “possível violação ao patrimônio histórico, tendo em vista a sua finalidade de educação e reparação simbólica de violações de direitos perpetradas no local em tempos passados”. O MPF ressaltou que os africanos e seus descendentes foram escravizados e não "nasceram escravos".
A partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a fazenda foi obrigada a adotar medidas reparatórias e receber o selo "Fazenda sem Racismo". O acordo visa a superação da associação da imagem do negro ao "escravo" na sociedade, o reconhecimento da história e cultura negra e o combate ao silenciamento dos efeitos da escravização de pessoas no Brasil.
Propriedade rural preservou mobiliário histórico. (Fonte: Fazenda Santa Eufrásia/Reprodução)
A Fazenda Santa Eufrásia é um importante patrimônio histórico da região de Vassouras, construída em 1830 pelo agricultor, político e Comendador Ezequiel de Araújo Padilha. A propriedade, que passou por diversos proprietários ao longo dos anos, foi adquirida pelo Coronel Horácio José de Lemos em 1895, e seus descendentes são os atuais donos.
Devido à sua importância paisagística e histórica, a propriedade foi tombada pelo IPHAN em 1970, tornando-se parte do circuito de visitação das unidades cafeicultoras no Vale do Paraíba. Essa medida foi fundamental para a preservação da propriedade e para a conscientização da população sobre a importância da conservação do patrimônio histórico e cultural.
A Fazenda Santa Eufrásia, como muitas outras propriedades rurais brasileiras, foi construída e operada através da mão de obra escravizada. Mais de 160 escravos trabalhavam nas plantações de café, na criação de animais e em outras atividades relacionadas à produção agropecuária. Eles viviam em condições precárias, sem direitos e liberdades básicas.
Apesar do fim da escravidão no Brasil, o racismo ainda persiste na sociedade. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A escravidão foi um dos maiores crimes contra a humanidade e que, infelizmente, ainda temos resquícios desse período em nossa sociedade. No Brasil, o sistema econômico e social durou mais de 300 anos, de 1530 até 1888, quando a Lei Áurea foi assinada, abolindo oficialmente a escravidão no país.
Durante esse período, milhões de africanos foram trazidos para o Brasil como escravos, tendo seus direitos e liberdade negados, para trabalhar em diversas áreas, como agricultura, mineração e construção civil. As condições de vida e trabalho dos escravos eram extremamente precárias, com jornadas de trabalho exaustivas, punições físicas e violência sexual.
Os resquícios da escravidão ainda são perceptíveis na sociedade brasileira atual. A população negra ainda enfrenta uma série de desigualdades sociais, econômicas e culturais. Para enfrentar esse cenário, uma série de políticas afirmativas vem sendo implantadas, como o Estatuto da Igualdade Racial e cotas raciais nas universidades e concursos públicos.