Ciência
06/02/2024 às 02:00•2 min de leitura
No vasto universo da música, encontramos um fenômeno que transcende fronteiras culturais e idades, uma experiência única que muitos de nós já vivenciamos: um arrepio ao ouvir determinadas melodias. Mas afinal, o que acontece em nossos cérebros quando a música nos envolve de tal forma? E por que essa resposta física é tão universalmente prazerosa?
A música evoluiu para além de um mero entretenimento, refletindo — e moldando — a sociedade contemporânea. Mas o que torna a música tão especial é que, ao contrário de muitas habilidades que aprendemos, nosso amor por ela parece ser inerente ao ser humano.
Quem nunca sentiu um arrepio ao ouvir a música favorita? (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Desde que nascemos somos tocados pela música de maneiras que desafiam a nossa compreensão. Basta uma olhada rápida nas redes sociais para ver recém-nascidos e crianças pequenas interagindo com músicas de forma muito natural. À medida que envelhecemos, não perdemos essa capacidade de nos conectar com a música.
De acordo com especialistas, desde a ativação do sistema nervoso autônomo até a liberação de endorfinas, cada elemento contribui para criar uma experiência única e subjetiva. O arrepio é, em resumo, resultado de uma resposta ancestral relacionada à adrenalina, uma conexão profunda com nossos antepassados mais distantes.
Contudo, nem todos experimentam esse fenômeno da mesma maneira. Algumas pessoas são menos propensas a sentir arrepios devido a diferenças nas respostas do sistema nervoso autônomo. A sensibilidade emocional e as experiências pessoais também desempenham um papel significativo.
A música, apesar de sua complexidade estética, não se limita ao intelecto; ela possui uma capacidade única de provocar respostas físicas automáticas em nosso corpo. Estudos revelam que indivíduos que relatam essas sensações têm cérebros com uma maior quantidade de fibras conectando o córtex auditivo às áreas emocionais, permitindo uma comunicação mais eficaz.
Música é vida. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Pesquisas indicam que pessoas que vivenciam frisson musical são mais abertas a novas experiências, demonstram maior criatividade e curiosidade intelectual. Essa apreciação estética, embora não tenha um valor intrínseco claro para a sobrevivência, pode ser parte integrante do que nos torna humanos.
Pesquisas utilizando eletroencefalografia de alta densidade têm revelado padrões de atividade cerebral durante esses momentos especiais. A presença de atividade teta, que tem relação direta com funções como memória, atenção e recompensa antecipada, destaca a importância do processamento emocional musical.
Essas descobertas sugerem que nossa afinidade pela música pode ter raízes profundas em nossa evolução. A música, como estímulo para a liberação de ocitocina — conhecido popularmente como "hormônio do amor" —, pode ter contribuído para a coesão social em nossos ancestrais.
Assim, a música pode ter servido como uma ferramenta importante e poderosa para criar laços afetivos e promover a sobrevivência dos grupos, afinal, quem vivia em comunidade tinha mais chance de ficar vivo (o que não mudou muito até hoje, não é mesmo?).
Além de tudo, uma coisa é certa: ouvir música vai além do prazer imediato, proporcionando benefícios psicológicos, emocionais e até físicos.