Ciência
23/05/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 23/05/2024 às 09:00
Os livros didáticos são produções editoriais elaboradas para contar às novas gerações trechos da história de seus países. Eles fazem circular versões sobre o que (e como) deve ser lembrado pela população de uma determinada comunidade.
É uma responsabilidade e tanto. E não foram poucas as vezes que os livros foram editados para contemplar diferentes versões da mesma história. Isso significou, muitas vezes, manipulação da realidade e distorção com o intuito de enganar.
Índia e Paquistão são países que já travaram vários conflitos, incluindo três grandes guerras. Nessas ocasiões, milhões de pessoas morreram ou foram deslocadas de seus territórios. Hoje, os dois países permanecem separados por uma fronteira fortemente patrulhada.
Essa disputa entre os dois é levada à população também por meio dos textos dos livros escolares. Os governos dos países asseguram que os livros didáticos sejam altamente editados com uma visão distorcida da realidade, mas que serve para "educar" os cidadãos.
Um exemplo envolve a divisão da Índia britânica em 1947. Na ocasião, a ex-colônia britânica foi então dividida em Índia e o novo Estado do Paquistão (mais tarde, o Paquistão Oriental se tornou Bangladesh). Esse evento, que foi bastante violento, é descrito nos livros de cada país de maneira diferente: um culpa o outro pelas mortes.
Os livros indianos ensinam que os paquistaneses nunca quiseram realmente ter seu próprio país e viram a independência como moeda de troca. Já os livros paquistaneses dizem que os muçulmanos do país buscaram a independência da Índia porque haviam sido escravizados.
A Guerra do Vietnã é vista como um episódio maldito para a história dos Estados Unidos, já que, mesmo sendo mais poderosos, eles acabaram sendo derrotados por um exército infame e praticamente desarmado. E olha que o governo americano mandou mais de 500 mil soldados para a guerra.
Foi tanta gente que houve uma dificuldade de conseguir formar a tropa, uma vez que muita gente morreu nos conflitos. Assim, uma alternativa foi recrutar os estudantes universitários. Mas havia um problema: esses estudantes eram basicamente pessoas de classe média e alta. Por isso, havia a necessidade de apoio da opinião pública para que seus pais endossassem a convocação dos seus filhos – muitas vezes, para morrer no conflito.
A solução foi encontrada pelo Departamento de Defesa, que articulou o polêmico Project 100.000, um programa para encontrar novos recrutas. A ideia era estimular que jovens pobres se candidatassem ao serviço militar como uma forma de ascensão social e financeira. Mas, no fim das contas, o projeto era nada mais do que a redução ou mesmo o abandono dos padrões mínimos para o recrutamento militar.
Isso resultou em 354 mil novos recrutas, que não foram treinados a contento para ir para a guerra. Uma vez lá, esses soldados mal preparados significaram um número altíssimo de mortes, que vitimaram principalmente os jovens negros: eles formavam 41% desse novo grupo, em comparação aos 12% das forças armadas. Obviamente, toda essa história não está incluída nos livros didáticos das escolas americanas.